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    Efeito da pandemia na educação será ‘brutal’ para mais pobres, diz Priscila Cruz

    Presidente do Todos Pela Educação frisou que o fechamento das escolas por tanto tempo tem relação também com a conduta brasileira frente à pandemia da Covid-19

    A presidente-executiva da organização não governamental Todos Pela Educação, Priscila Cruz, comentou a avaliação do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, sobre a possibilidade possibilidade de “catástrofe geracional” na educação. Em entrevista à CNN, ela disse que o período de pausa nas aulas presenciais causará um efeito “brutal” para estudantes de classes econômicas mais baixas. 

    “O reflexo disso para o país e para as crianças, principalmente as mais pobres, será brutal. Não é simplesmente um tempo fora da escola. Temos a perda de vínculos e de aprendizagem, que vai criando uma bola de neve muito forte. Não é simplesmente uma pausa. Elas podem perder conhecimentos de componentes curriculares que são pré-requisitos para a aprendizagem dos seguintes. Então, isso realmente pode fazer com que a gente tenha uma catástrofe no país”, avaliou ela.

    Priscila destacou que o fechamento das escolas por tanto tempo tem relação também com a conduta brasileira frente à pandemia da Covid-19, que já registrou 94.665 mortes no país, segundo dados atualizados do Ministério da Saúde.

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    “O Brasil tem tido um trabalho pior, em certa medida, do combate à pandemia. O país tem muitos casos de mortes e novos casos. Estamos no patamar alto da pandemia, então não dá para falar na reabertura das escolas e não conseguimos ter perspectiva de reabertura enquanto a pandemia não estiver controlada”, apontou Priscila, que citou que as desigualdades sociais são aprofundadas nesse cenário.

    “Essa desigualdade está se acentuando no país – entre escolas públicas e privadas –, mas também entre o Brasil e o resto do mundo. Isso porque nos países onde a pandemia está mais controlada, falar em reabrir as escolas é mais razoável”, afirmou. “Aqui estamos nessa armadilha que não tem solução boa neste momento, porque reabrir pode significar um aumento dos casos e das mortes, mas também temos um problema muito grave em relação ao aprendizado dos alunos”, completou.

    Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, fala à CNN
    Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, fala à CNN
    Foto: CNN (4.ago.2020)

    A presidente da ONG ainda destacou que o efeito vai além do tempo sem aulas. “O impacto não é apenas o ano perdido, mas como ele acaba atrapalhando depois na trajetória escolar desse aluno. Vamos ter aumento da evasão, redução de vínculo e todo o planejamento sendo completamente interrompido. É realmente algo muito profundo e que vai afetar totalmente a aprendizagem. Não podemos minimizar o efeito desse período”, concluiu.

    Por fim, Priscila criticou o que classificou como falta de monitoramento do Ministério da Educação sobre a situação das escolas durante a pandemia.”Estamos vivendo um momento de navegar no escuro, porque a pasta, que seria a responsável por essa coordenação nacional das estratégias, não está fazendo isso”, afirmou ela, que ainda pediu a criação de um gabinete de crise para minimizar o impacto na educação. “Essa coordenação é fundamental e está na base da inação que temos visto no país”, encerrou.

    (Edição: Leonardo Lellis)