Doações de comida despencam mais de 90% no país, diz Ação da Cidadania
Diretor-executivo de ONG afirma que arroz, feijão e óleo foram os produtos que mais pesaram para os doadores
As doações de comida no Brasil despencaram 97% no Brasil, afirmam dados da Ação da Cidadania, ONG que, no início deste ano, chegou a arrecadar mais de R$ 10 milhões por mês. A partir de outubro, a organização passou a receber em torno de R$ 300 mil, uma redução com efeitos negativos para quem tem fome.
Segundo Rodrigo Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania e atuante junto a uma rede de ONGs, movimentos e lideranças de todo o Brasil, a inflação dos alimentos e a alta do gás de cozinha contribuíram para piorar a situação de quem é doador de alimentos.
Somado a isso, o arroz, o feijão e o óleo são alguns dos alimentos que mais aumentaram e, por consequência, reduziram o poder de compra da população que faz doação.
“Esses itens aumentaram muito. Soma isso a outros produtos que o brasileiro precisa comprar? O arroz, feijão e óleo são essenciais, fora a proteína e os legumes. Tudo subiu muito”, diz Rodrigo Kiko Afonso.
“Em outubro, as doações caíram vertiginosamente. Temos expectativa para receber ajuda em dezembro por causa da Campanha do Natal sem Fome. Temos uma meta de 30 milhões de arrecadação, grande maioria com empresas”.
Outro fator para a queda de doações, segundo a Ação da Cidadania, são as pessoas que passaram de voluntários a candidatos a algum tipo de auxílio.
A Ação da Cidadania centraliza o recebimento das doações para depois fazer a distribuição aos estados. O diretor executivo da ONG explicou que as pessoas ainda vão sentir fome por muito tempo.
“A situação está bem crítica. O Auxílio Emergencial acabou. A gente está num limbo entre Bolsa Família e Auxílio Brasil, que ainda está pagando muito poucas pessoas. A situação tende a piorar no final do ano e, com isso, as doações podem ser afetadas também”, afirma.
“As pessoas (doadores) estão vendo que a Covid tende a arrefecer e acham que a fome está acabando também. Esse é um processo que ainda vai durar anos. Não podemos parar de doar comida”, alertou Afonso.
Mesmo com a queda nas doações nos últimos meses, a Ação da Cidadania registrou um aumento de 2.100 para 3 mil nas instituições assistidas pela ONG.