Desabamento de rocha em MG é similar ao que acontece com geleiras, diz geólogo
Em entrevista à CNN, Pedro Côrtes afirmou que, pelo fato de o fenômeno ser raro, pessoas não têm dimensão do perigo ao qual estão expostas: "distância segura deve sempre ser mantida"
O desabamento de uma rocha em um cânion na cidade mineira de Capitólio deixou ao menos oito mortos e 32 feridos, segundo as autoridades.
Imagens do momento do acidente mostram uma grande porção da encosta do local se desprendendo e atingindo pelo menos três lanchas na água.
Em entrevista à CNN, o geólogo e professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da USP, Pedro Luiz Côrtes, comentou que o fenômeno visto é raro de ser presenciado, mas ocorre naturalmente.
“Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares – como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura”, pontua.
“Aos poucos esse material vai se desagregando. O paredão está naturalmente fraturado. Isso permite a penetração de água [das chuvas], que faz com que essas fraturas sejam ampliadas. Então você cria uma dissociação das colunas de rocha. E com o tempo essas colunas se abatem”, completou.
O professor explica que pelo fato de as pessoas não presenciarem frequentemente esse fenômeno, não se tem dimensão do perigo ao qual estão sujeitas.
“Lembra muito o que acontece nas bordas de geleiras”, comenta Pedro Côrtes.
Veja imagens do local do acidente:
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1 de 13Bombeiros realizam trabalho de buscas em lago de Capitólio (MG) onde um pedaço de rocha desabou sobre lanchas neste sábado (8), deixando dez mortos
Crédito: Bombeiros/MG -
2 de 13Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); desabamento de rocha deixou ao menos três desaparecidos
Crédito: CBMMG -
3 de 13O desabamento de uma rocha em um cânion na cidade mineira de Capitólio deixou ao menos sete mortos e dezenas de feridos, segundo as autoridades
Crédito: CBMMG -
4 de 13“Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares – como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura”, diz o geólogo e professor do PROCAM da USP, Pedro Luiz Côrtes
Crédito: CBMMG -
5 de 13Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); especialistas recomendam que lanchas de turismo mantenham distância das rochas
Crédito: CBMMG -
6 de 13Imagens que circulam nas redes sociais revelam que os ocupantes das embarcações foram alertados pelas pessoas ao redor sobre o risco de desabamento da estrutura rochosa
Crédito: CBMMG -
7 de 13Bombeiros e profissionais da Marinha participam das buscas por feridos e desaparecidos em Capitólio (MG)
Crédito: CBMMG -
8 de 13Vídeo mostra lanchas sendo atingidas por desabamento de pedras em Capitólio (MG) neste sábado
Crédito: Reprodução/Redes Sociais -
9 de 13Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG
Crédito: Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo -
10 de 13Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG
Crédito: Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo -
11 de 13Equipamentos usados pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em buscas em Capitólio (MG)
Crédito: Cobom MG -
12 de 13Bombeiros de Minas Gerais usam barco em buscas em Capitólio (MG); total de mortes chegou a 10
Crédito: Cobom MG -
13 de 13Força-tarefa localiza as dez vítimas de deslizamento de rocha em Capitólio, no lago de Furnas (MG)
Crédito: Cristiano Machado/Imprensa MG
Ele cita o Parque Nacional Los Glaciares, na região da Patagônia, na Argentina, onde as geleiras estão abertas à visitação de pessoas.
“As equipes de turismo não se aproximam da geleira justamente por esse tipo de problema. Você tem o abatimento de grandes blocos de gelo, que podem causar ferimentos graves ou levar a óbito as pessoas pelo impacto direto ou pela movimentação de água provocada”, disse o professor.
“Sempre deve ser mantida uma distância segura”, complementa.
