Deputados federais divergem sobre o adiamento do Enem por causa da pandemia
Tabata Amaral (PDT-SP) e José Medeiros (Podemos-MT) debateram sobre as mudanças no exame
Os líderes do Senado decidiram incluir na pauta da sessão desta terça-feira (19) o projeto de lei que adia o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus. O Projeto de Lei (PL) 1.277/2020, da senadora Daniela Ribeiro (PP-PB), suspende a aplicação do Enem em casos de calamidade pública. A proposta pode sofrer alterações durante a votação na Casa. Em um debate na CNN, os deputados federais Tabata Amaral (PDT) e José Medeiros (Podemos) divergiram sobre o adiamento do exame.
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“Penso que o adiamento irá trazer grandes prejuízos aos estudantes no Sisu. Ele acaba quebrando o calendário de quem já estava esperando por este certame. Ao meu ver, ele deveria ser mantido porque você faz todo o planejamento e espera que ele aconteça. Este adiamento não faz muito sentido pois implica no direito da pessoa de estudar”, afirmou Medeiros.
“Muita gente diz que a questão é a internet, mas 80% da população tem acesso a internet e quando não tinha? Como você fazia vestibular? Manoel de Barros dizia: ‘quem quer, dá um jeito’, então quem está se preparando está pronto para isso. Não vejo a questão digital como justificativa”, completou o deputado.
Tábata Amaral afirmou que a pandemia tem aprofundado “a desiguldade que temos na educação”. “Manter o Enem na mesma data não é olhar apenas para as desigualdades que já existiam, mas também olhar para as desigualdades que estão sendo aprofundadas por causa do novo coronavírus. Nós temos estudantes mais pobres que, não só tem aparelho eletrônico para estudar e que divide o cômodo com diversos familiares, como também tem aqueles estudantes com a fome batendo na porta ou já passando fome e que tem ajudar os seus responsáveis”
“Se formos olhar o Brasil que temos, a crise está pegando as pessoas de formas diferentes e se mantivermos na mesma data essa desigualdade será ainda mais aprofundada e mais estudantes ficarão para traz”, afirmou a deputada.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou em entrevista que “ainda é muito cedo para tomar uma decisão” sobre o adiamento, admitindo uma dicussão no segundo semestre. Questionados sobre a afirmação, Tabata disse que, considerando a logísitica para a elaboração da prova, o planejamento da prova já começou. “Se deixarmos para discutir isso perto da prova, vamos perder mais dinheiro e esforço”.
A deputada cobrou ainda que o ministro converse com a pasta da Saúde para ter atualizações sobre o quadro da pandemia no país para que o adiamento aconteça de maneira segura para que não “deixe mais estudantes para trás”.
Medeiros discordou. “O Brasil inteiro é assim, infelizmente temos esse desasfio a ser enfrentado. E não vai ser agora, no momento de pandemia, que a gente vai poder resolver esta situação. Penso que vamos atrapalhar, sem ter muito sentido, a vida das pessoas. Basta o mantra que ficou de que não pode ter uma outra ideia a não ser o isolamento social. Então acredito que a pasta tem que continuar com o calendário, conforme o planejado”, disse.