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    Depois do temporal, aumenta o risco de leptospirose no Rio, afirma especialista

    Números da doença no estado já estavam grandes: cresceram 54% em relação ao mesmo período do ano passado

    Jovem salva mãe e filha de enchente no RJ
    Jovem salva mãe e filha de enchente no RJ Reprodução

    Isabelle Salemeda CNN Rio de Janeiro

    Um dia depois da forte chuva no Rio de Janeiro, que causou a morte de pelo menos oito pessoas, além de ter provocado diversos transtornos e destruição, um outro problema assusta os moradores e preocupa infectologistas: o risco de doenças, como a leptospirose.

    Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), só esse ano, até agora, já foram contabilizados 302 casos prováveis de leptospirose no estado. Em 2023, para este mesmo período do ano, foram 196 casos registrados. Ou seja, um crescimento de 54%.

    Por isso, a SES já tinha lançado um alerta sobre o risco da doença. O documento, enviado aos municípios, apresenta o cenário atual da doença no estado, oferece orientações à população em caso de contato com água ou ambientes que podem estar contaminados e o protocolo de atendimento a ser seguido pelas equipes de saúde.

    Nesta quinta-feira (22), o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais do Rio de Janeiro (Cemaden-RJ), emitiu um alerta de risco muito alto e alto de chuva para a capital e municípios da Baixada Fluminense e sul do estado, com possibilidade de inundações e alagamentos.

    De acordo com o infectologista Marcos Junqueira do Lago, o ideal é não ter contato com água de enchente, porque ela pode trazer a bactéria, presente na urina dos animais, e contaminar mesmo quem tem uma lesão muito pequena, às vezes, imperceptível, na pele.

    “Claro que às vezes, não é possível evitar esse contato. Por isso, seria adequado usar botas impermeáveis ou mesmo sacos de lixo mais grossos por baixo dos calçados, numa tentativa de evitar a exposição a essa água. Logo após o contato, é recomendado tomar um banho e fazer uma boa higienização do corpo”, aconselha o médico.

    De acordo com o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados por uma bactéria, a leptospira. A penetração na pele ocorre por meio de lesões, mesmo que pequenas, mucosas ou pela imersão por longos períodos em água contaminada. Isso significa que em casos de enchentes, o risco é maior.

    Em casos mais graves, ainda segundo o Ministério da Saúde, a letalidade da leptospirose pode chegar a 40%. Só na capital fluminense, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, no ano passado, 34 casos da doença foram confirmados e três pessoas morreram.

    Segundo o infectologista, a leptospirose é potencialmente perigosa, já que os casos mais graves podem acarretar a morte do paciente em decorrência de uma hemorragia pulmonar, lesão renal ou alteração no fígado. Por isso, logo no princípio dos sintomas é importante procurar atendimento médico.

    “Em geral os sintomas aparecem entre dez e vinte dias após a enchente. E eles podem ser semelhantes aos da dengue, com febre e dores musculares no corpo. Um exame de sangue é necessário para confirmar o diagnóstico e dar início ao tratamento”, explicou Lago.

    Como a incidência da doença está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados, alguns cuidados podem ajudar a evitar a contaminação, como evitar jogar lixo nas ruas para não causar o entupimento dos bueiros.

    O que diz a Secretaria de Estado de Saúde do RJ

    No Rio, a SES informou que tem realizado a análise do cenário epidemiológico da doença, bem como dos registros de casos suspeitos, além de estar fazendo a investigação dos óbitos que podem ter sido provocados pela leptospirose. O governo informou que também está ajudando a capacitar equipes de médicos e enfermeiros para manejo clínico de pacientes de todos os municípios, a partir da solicitação das cidades, e tem aberto processos para aquisição de medicamentos para tratamento dos casos suspeitos.