Defesa de Jairinho classifica carta escrita por Monique como ‘peça de ficção’
Já advogado do pai de Henry Borel acredita que os relatos não acrescentam muito ao inquérito e que Monique tem de provar as agressões relatadas em carta
O advogado de Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, classificou como “uma peça de ficção, que não encontra apoio algum nos elementos de prova carreados aos autos” a carta apresentada pela defesa da mãe do menino Henry, Monique Medeiros.
Apesar de já ter adiantado à CNN que vai questionar a qualidade das provas técnicas apresentadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na investigação da morte de Henry Borel, o advogado Braz Sant’Anna disse nesta segunda-feira (26) que só ia falar sobre a tese da defesa após a denúncia à Justiça.
A defesa de Monique afirma que ela sofria agressões de Jairinho e insiste que ela deve prestar novo depoimento à Polícia Civil. A previsão é de o inquérito que apura a morte da criança seja concluído até esta terça-feira (27).
Na nova versão da mãe de Henry, ela diz que Jairinho a acordou na madrugada do dia 8 de março para ver como estava o menino. Ela relata que o namorado afirmou que a criança tinha caído da cama, informação diferente da apresentada no primeiro depoimento aos investigadores, quando Monique contou que ela mesma tinha encontrado o menino caído no chão.
Em 29 páginas escritas à mão, já na cadeia, a mãe de Henry pede para prestar um novo depoimento à polícia. “(…) fui orientada a mentir sobre a noite da morte do meu filho. Fui treinada por dias para contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar por um advogado”, escreveu Monique, que continuou “eu deveria proteger Jairinho, já que ele se dizia inocente”, narra no texto.
Na carta, Monique conta como foi a separação com o ex-marido, Leniel, depois de dez anos de relacionamento. A professora diz que o casamento ia mal, que ela não recebia atenção do ex-marido e que estava sobrecarregada com os serviços domésticos quando conheceu Jairinho.
A professora narra um início de namoro dos sonhos, mas que, aos poucos, Jairinho começou a controlar a vida dela, pedindo para apagar fotos nas redes sociais e para não responder mensagens de amigos homens.
Ela descreve um homem possessivo e ciumento, que fiscalizava os locais onde a namorada ia e com quem falava. Mesmo perfil descrito por outras ex-namoradas do parlamentar. No texto, Monique narra algumas supostas agressões por parte do vereador. A que teria sido a primeira delas, foi antes mesmo do casal ir morar junto.
A professora disse que estava dormindo ao lado do filho quando Jairinho invadiu a casa. “Lembro de ser acordada no meio da madrugada, sendo enforcada”. Monique afirma que a crise de ciúme foi porque ela não atendeu as ligações dele e continua “ele jogou o telefone em cima de mim, me xingando e ofendendo”.
Já no apartamento onde Henry morreu, num outro dia, ela conta que percebeu que Jairinho estava colocando remédios para dormir na bebida dela. Quando questionou o namorado, ele teria a segurado e jogado no sofá. “(…) me jogou na cama, todas as vezes que eu tentava me levantar, ele me empurrava com mais força, até conseguir deixar meus braços roxos”, relata.
O advogado de Leniel Borel, pai do menino Henry e ex-marido de Monique, Leonardo Barreto, disse à CNN que a carta nada mais é do que uma tentativa da professora se vitimizar. “Monique ter mudado a versão dela não significa dizer que agora ela está falando a verdade”, afirmou.
Ainda segundo o advogado, a defesa de Monique terá que provar que ela tinha sido dopada por Jairinho e não só afirmar isso. Ele lembra que, no trabalho de investigação da polícia, não foi comprovado que a mãe de Henry vivia um relacionamento abusivo.
“Não houve nenhum relato e nos telefones apreendidos não tem nenhuma mensagem dessa natureza. A polícia foi categórica em afirmar que ela sabia tudo o que estava acontecendo e que não estava havendo nenhum tipo de coação ou ameaça. O que está nítido, no meu modo de ver, foi que ela pegou carona no depoimento das ex-namoradas do Jairinho, que estavam sendo ameaçadas e apostou nessa tese”, disse Barreto.