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    Defensoria diz que relatos indicam execução em operação policial no Jacarezinho

    Ação da polícia realizada nesta quinta-feira (6) terminou com ao menos 25 mortos e cinco feridos

    Ana Lícia Soares, Camille Couto e Daniel Fernandes, da CNN, no Rio de Janeiro e em São Paulo

     A Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmou nesta quinta-feira (6), em coletiva de imprensa, que relatos de moradores do Jacarezinho, onde uma operação policial realizada hoje terminou com 25 mortos e cinco feridos, apontam que execuções foram feitas por policiais durante a ação. 

    Segundo membros da Defensoria, após serem chamados por moradores da região, representantes do órgão foram à comunidade, onde averiguaram a situação.  

    “Começamos essa visita 13h30. O primeiro choque foi a quantidade de sangue. Muitos muros cravejados de bala. Muitas portas. Duas casas impactaram muito. Na primeira, a família foi retirada e ali morreram dois rapazes. A casa estava repleta de sangue, massa encefálica. E a senhora que mora estava muito impactada. A segunda casa tinha uma criança de 8 anos. Um rapaz foi executado ao lado dessa criança. Chamou a atenção também, porque, pelos relatos, esses dois casos aconteceram em execuções. Essas pessoas foram tiradas já mortas”, afirmou a defensora pública do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos Maria Julia Miranda. 

    Segundo Maria Julia, há um grande número de pessoas que chegaram já mortas ao hospital, o que pode indicar que a cena foi alterada. 

    Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixou ao menos 25 mortos.
    Defensoria foi à comunidade e conversou com moradores e lideranças locais
    Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

    “Chama a atenção quantas dessas pessoas chegaram mortas ao hospital. Isso é um indicativo de que houve desfazimento de cena de crime”, afirmou. “Qual é o critério que a Polícia Civil do Rio de Janeiro usa para dizer que essa operação policial foi eficiente?”

    Agressões

    Segundo a Defensoria, além dos relatos de execução, há moradores que afirmam ter sido agredidos durante a operação. 

    “Percebemos indícios da necessidade de investigar o desfazimento de cenas. Muitos relatos de agressão física”, disse o ouvidor-geral da Defensoria Pública fluminense, Guilherme Pimentel, que cobrou que a operação seja investigada com “rigor”.

    “Uma situação muito delicada. Uma bagunça muito grande. Objetos danificados. Bastante chocante o que a gente escutou ali”, disse Pimentel.

    Operação mais mortal do estado

    Conforme informou o analista da CNN Leandro Resende, com pelo menos 25 mortos e cinco feridos, a operação desta quinta-feira no Jacarezinho é a maior ação oficial comandada pela polícia em número de mortos na história do Rio de Janeiro, de acordo com levantamento feito pelo Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF) que tem base de dados sobre o tema desde 1989. 

    A Polícia Civil afirma que deflagrou uma operação contra uma organização criminosa responsável por homicídios, roubos, sequestros e aliciamento de menores no Rio de Janeiro e informou que um policial morreu na ação. As outras 24 pessoas mortas seriam suspeitos de envolvimento com o crime, de acordo com a polícia. 

    Duas pessoas que estavam em uma composição do metrô parada na estação de Triagem foram atingidas por balas perdidas, segundo a polícia, e ficaram feridas. Os passageiros foram socorridos e levados aos hospitais Salgado Filho e Souza Aguiar, na capital fluminense.

    Em nota, o governo do Rio de Janeiro afirmou que “lamenta as vidas perdidas na operação”.

    “A ação foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído. Para garantir a transparência e a lisura da operação, todos os locais de confrontos e mortes foram periciados. É lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra para oprimir milhares de famílias”, afirmou o governo em nota.