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    Decretos de Bolsonaro e Doria sobre isolamento dividem municípios em SP

    Enquanto algumas cidades seguem determinação do governo federal e relaxam isolamento, outras adotam linha do governo estadual e mantém restrições

    Estudantes de medicina coletam testes para coronavírus em casas em São Caetano do Sul (SP)
    Estudantes de medicina coletam testes para coronavírus em casas em São Caetano do Sul (SP) Foto: Rahel Patrasso - 14.abr.2020/ Reuters

    Enquanto a prefeitura de Guararapes, na região noroeste do Estado de São Paulo, reabriu salões de beleza, barbearias e academias de ginástica, a de Ilha Comprida, no litoral sul paulista, instalou barreiras no acesso à cidade para impedir a entrada de turistas e reforçar o isolamento durante a pandemia do novo coronavírus.

    Adotadas na terça-feira (12), as duas medidas acompanham decisões em sentidos opostos tomadas pelos governos estadual e federal.

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou decreto que incluiu academias, salões de beleza e barbearias como serviços essenciais. No entanto, no estado de São Paulo ainda não há decisão sobre o assunto e continua válida a quarentena implementada pelo governador João Doria (PSDB), que só permite o funcionamento de serviços essenciais.

    Os atos mostram prefeitos divididos entre seguir as diretrizes do governo paulista, de manter o isolamento social, ou acompanhar as decisões do governo federal, pela volta da atividade econômica.

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    No decreto de Guararapes, cidade de 33 mil habitantes, o prefeito Tarek Dargham (PTB) informou que estava apenas adequando a legislação local ao decreto presidencial. Ele alega que também atendeu determinação do governo do estado, estendendo a quarentena até 31 de maio e obrigando o uso de máscara em todo o município, que tem 11 casos de Covid-19.

    O decreto da prefeitura de Ilha Comprida libera a entrada de donos de imóveis de temporada pelo período máximo de 32 horas e limitado a duas pessoas por família. O interessado precisa retirar um formulário ao passar pela barreira e devolver preenchido em sua saída da ilha. A prefeitura alega ter levado em conta o alerta do governo estadual sobre a rápida expansão da doença no interior e litoral de São Paulo.

    O número de infectados dobrou em 11 dias e 64% das cidades já têm casos, enquanto 177 já registram óbitos. Ilha Comprida já tem um óbito e 24 casos confirmados.

    Na mesma direção, a prefeitura de Itatiba colocou uma unidade móvel, na terça-feira (12), para fazer testes rápidos em moradores com sintomas da doença –. Preocupada com o avanço do novo coronavírus, a prefeitura reforçou as seis barreiras sanitárias nos acessos.

    Mais de 300 pessoas que passaram pelos bloqueios e foram submetidas à medição de temperatura, tinham febre e foram encaminhadas para testes. A prefeitura alega que avanço da doença exige que o isolamento social seja reforçado.

    O município de Tupã iniciou a reabertura do comércio não essencial, depois que a prefeitura conseguiu uma liminar na Justiça contra a quarentena estadual. Já foram reabertos salões de beleza, comércio geral, incluindo lojas de roupas e papelaria e prestadores de serviços.

    Nesta quarta-feira (13), retomam as atividades bares e restaurantes, inclusive para consumo local. Missas e cultos começam a funcionar no sábado (16). A reabertura se antecipou ao plano do governo de São Paulo, que prevê a flexibilização gradual da quarentena. A cidade tem nove casos e um óbito.

    O prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth (PSDB) anunciou na terça que vai autorizar o funcionamento de salões de beleza e academias de ginástica, com base no decreto do presidente Bolsonaro que considera essas atividades essenciais. A regra local deve ser publicada nesta quarta-feira.

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    A cidade já soma 367 casos e 17 mortes pela doença. Ramuth enfrenta uma “queda de braço” com o governo estadual em medidas para flexibilizar o comércio. A maioria das cidades da região mantém a quarentena.

    Um estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e publicado no dia 6 de maio defendeu a necessidade de uma ação conjunta das cidades de uma mesma região para controlar a expansão do coronavírus. O modelo foi aplicado em 39 cidades do Vale do Paraíba e litoral norte, que têm São José dos Campos como referência.

    De acordo com o pesquisador Miguel Monteiro, do Inpe, o estudo mostrou que as ações isoladas de cada município são insuficientes para deter o vírus. A pesquisa destaca a necessidade de criação de um comitê técnico-científico independente para orientar estratégias cooperativas entre os municípios. O estudo indicou que os municípios com menos casos estão fortemente conectados a São José dos Campos, com quantidade significativa de casos, por isso, as medidas adotadas nas cidades maiores refletem nas menores.