Bolsonaro diz que avião arremeteu ao chegar em MT por falta de visibilidade
Presidente afirmou que 'vê alguns focos de incêndio' no país, o que considerou problema recorrente, mas alegou que seu governo é mais criticado que anteriores
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que, ao cheger em Sinop, no Mato Grosso, onde cumpre agenda nesta sexta-feira (18), seu avião precisou arremeter por causa da falta de visibilidade. “Aqui, quando nosso avião foi pousar hoje, ele arremeteu. É a segunda vez que acontece na minha vida. A primeira foi no Rio de Janeiro. É que a visibilidade não estava tão boa.”
A manobra, comum na aviação, acontece quando o avião está prestes a pousar e volta a subir antes de realizar um novo procedimento de pouso.
“Para nossa felicidade, na segunda vez conseguimos pousar. Estamos vendo alguns focos de incêndio acontecendo pelo Brasil. Isso acontece ao longo de anos e temos sofrido uma crítica muito grande”, afirmou, em discurso.
A assessoria da concessionária de aeroportos Centro-Oeste Airport, responsável por gerir o aeroporto municipal presidente João Figueiredo, em Sinop, confirmou que a falta de visibilidade foi a razão para a manobra realizada pelo avião presidencial.
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“[Foi feito] um procedimento relativamente normal e comum para casos em que não se tem visibilidade total, em que o piloto faz uma primeira aproximação, arremete e realiza na sequência o pouso normalmente.”
O presidente recebeu nesta sexta-feira uma homenagem de representantes do agronegócio no município de Sinop e o título de cidadão sinopense, aprovado pela Câmara de Vereadores e entregue pelo governador Mauro Mendes (DEM). O presidente também visitou uma usina de etanol de milho.
O chefe do Executivo estava acompanhado dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), além do secretário Especial de Assuntos Fundiários do Mapa, Nabhan Garcia.
Em seu discurso, o presidente voltou a afirmar que os países que criticam sua gestão por causa dos incêndios florestais que atingem a Amazônia e o Pantanal já queimaram todas suas florestas e defendeu que o Brasil é um exemplo para o mundo.
“Países outros que nos criticam não tem problemas de queimada porque já queimaram tudo no seu país”, disse. “Nós, aqui, temos a matriz energética mais limpa do mundo. Nós, proporcionalmente, ocupamos menor área para agricultura ou pecuária do que qualquer outro país do mundo.”
Bolsonaro deve ir também à cidade de Sorriso, onde participa da entrega de títulos de propriedade rural e, depois, do lançamento simbólico do plantio de soja. A previsão é que o presidente deixe o estado às 16h30 (horário de Brasília) e esteja de volta à capital federal por volta das 18h30.
A visita ao estado ocorre em meio a uma série de incêndios no Pantanal – cerca de 65% do bioma está localizado no Mato Grosso. Não está previsto, entretanto, nenhum compromisso específico sobre o assunto: as cidades de Sinop e Sorriso ficam a 697 km e 614 km, respectivamente, de Cáceres, principal cidade mato-grossense do bioma.
As queimadas no Pantanal neste ano atingiram a marca de 15.835 focos de incêndio, segundo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Só em setembro, até a quinta-feira (17), foram registrados 5.682 pontos – maior taxa histórica para o mês desde 1998, quando o Inpe começou o monitoramento.
Terras indígenas
O presidente também voltou a criticar a demarcação de terras indígenas no país, recordando o discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em de 2019 – Bolsonaro disse que já gravou a fala que será exibida pela ONU na próxima semana.
“Os índios são nossos irmãos, nossos parceiros. Merecem sua terra, mas dentro de uma razoabilidade. A ONU queria, conforme constatado por alguns chefes, que passássemos de 14% do território demarcado para 20%. Falei-lhes: ‘Não’”, continuou.
“Não podemos sufocar aquilo que temos aqui e tem nos garantido não só nossa segurança alimentar bem como a segurança alimentar para mais de 1 bilhão de habitantes do mundo”, disse o presidente, em defesa do agronegócio.
Desde o fim de julho, quando anunciou estar curado da Covid-19, Bolsonaro tem feito viagens semanais pelo Brasil para eventos que promovem ações do governo e para a inauguração de obras de infraestrutura.
(Com informações do Estadão Conteúdo)