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    Crise da água seca rios brasileiros e reduz disponibilidade hídrica em até 40%, diz pesquisa

    Seca pode afetar abastecimento e também afetar a capacidade de geração de energia no país

    Gabriel Garciada CNN , Brasília

    As principais bacias hidrográficas brasileiras podem ter diminuições de até 40% na disponibilidade de água até 2040, segundo pesquisa realizada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

    Segundo o estudo, as bacias hidrográficas localizadas no Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste tendem a sofrer com maior escassez.

    Além disso, existe a possibilidade de um aumento substancial no número de trechos de rios intermitentes no futuro, nessas regiões. As conclusões foram divulgadas pela ANA no Dia Mundial da Água, que é celebrado nesta sexta-feira (22).

    A redução da disponibilidade hídrica deverá se intensificar com o passar do tempo, na medida em que os níveis de emissão dos gases de efeito estufa aumentam e a temperatura aumenta no Brasil.

    Essa escassez hídrica, segundo o relatório, não deve afetar apenas o abastecimento de água nas cidades. A geração de energia hidrelétrica e a agricultura de subsistência também devem sofrer impactos diretos.

    Em entrevista à CNN, a presidente da ANA, Veronica Sánchez, afirmou que uma das dificuldades na gestão de recursos hídricos é a incapacidade de previsão utilizando as séries históricas, devido a instabilidade climática.

    “Os grandes centros metropolitanos precisam se estruturar, precisam ter infraestruturas resilientes para ter disponibilidade hídrica e ter água para abastecimento humano e da indústria”, afirmou.

    A presidente também destacou a importância da água para o agronegócio, que reflete diretamente na economia.

    “A agricultura é o principal usuário deste recurso no Brasil, quando a gente olha a distribuição dos usuários de água no país, o agro pega uma fatia significativa, em torno de 30%”, disse.

    A agência, no entanto, utiliza métodos para priorizar a eficiência na utilização da água.

    “Aqueles que recebem uma outorga para utilizar água são priorizados se utilizarem métodos mais eficientes, como o de gotejamento, que causa menos desperdício. Quanto mais eficiente o método, maior a prioridade na concessão das outorgas para esse usuário”.

    As mudanças climáticas também podem afetar o processo de geração de energia. As hidrelétricas são responsáveis por mais de 60% da geração de energia do Brasil. Com a falta de chuvas, isso pode mudar. A agência, no entanto, trabalha com o monitoramento deste setor.

    “Trabalhamos com o monitoramento de todo o setor elétrico. As vezes temos uma cheia no norte e uma situação de escassez hídrica no sul, então o sistema opera onde tem mais água naquele momento e, onde tem menos, reduz”, concluiu a presidente.

    Esse monitoramento acontece de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia e o Operador Nacional do Sistema Elétrico.

    Água: bem cuidado ou não?

    O Dia Mundial da Água, criado pela ONU, é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos.

    Na avaliação de 73% dos brasileiros, a água é um recurso natural muito utilizado e pouco cuidado, segundo dados da pesquisa “A percepção dos brasileiros sobre segurança hídrica”, realizada pela The Nature Conservacy Brasil (TNC).

    A pesquisa também aponta que 78% da população nota um aumento na poluição das águas nos últimos quatro anos no país.

    O estudo ainda afirma que 58% da população brasileira se sente preocupada com a falta de água. O consumo excessivo e desperdício são os principais responsáveis por este problema na visão de 27% dos entrevistados.

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