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    Crianças presenciam mortes durante operação policial no Jacarezinho

    Cerca de 250 policiais participaram da operação. 25 pessoas foram mortas

    Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixou ao menos 25 mortos.
    Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixou ao menos 25 mortos. Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

    Por Ana Licia Soares e Camille Couto, da CNN, no Rio de Janeiro

    A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro classificou a operação da Polícia Civil que resultou na morte de 25 pessoas como “uma das piores chacinas vivenciadas no Estado do Rio de Janeiro”. 

    “Antes, nós tínhamos chacinas, como a da Baixada ou a de Vigário Geral, praticadas por grupos de extermínios. Agora são chacinas em operações oficiais com aparato do Estado. Chegou a hora das autoridades do Rio de Janeiro prestarem conta com as autoridades”, disse Daniel Lozoya, subcoordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria.

    Devido ao confronto, moradores da comunidade não puderam se vacinar contra a Covid-19. A Secretaria municipal de Saúde informou que precisou fechar três postos. 

    O transporte público de alta capacidade paralisou. Dentro do metrô, duas pessoas foram baleadas enquanto passavam pela estação Triagem, também na Zona Norte. O local fica a cerca de quatro metros de distância do Jacarezinho. O trem também interrompeu o serviço. Além delas, outras três pessoas ficaram feridas. 

    Cerca de 250 policiais participaram da operação. A Polícia Civil disse que atuou com planejamento e negou que tenha feito execuções. Ainda de acordo com a Polícia Civil, a operação foi desencadeada para prender traficantes da região que aliciavam menores para o crime e proibiam namoros. 

    A Defensoria Pública, no entanto, informou não ter sido informada sobre crianças sendo aliciadas e acrescentou que na operação desta quinta-feira, uma criança de oito anos viu uma pessoa sendo executada dentro do quarto dela. 

    “O primeiro choque foi a quantidade de sangue. Muitos muros cravejados de bala. Muitas portas. Duas casas impactaram muito. Na primeira, a família foi retirada e ali morreram dois rapazes. A casa estava repleta de sangue. E a senhora que mora estava muito impactada. A segunda casa tinha uma criança de oito anos. Um rapaz foi executado ao lado dessa criança”, afirma Maria Julia Miranda, defensora Pública do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos. 

    Para Felipe Cury, delegado da Polícia Civil, a única pessoa executada friamente foi o policial que morreu após ser atingido por um tiro na cabeça. 

    “A única execução que houve na operação foi a do policial. Esse foi, realmente, executado friamente pelos traficantes lá. As outras mortes que aconteceram foram de traficantes que atentaram contra a vida de policiais e houve a resposta”, disse Felipe Cury, delegado da Polícia Civil. 

    Com 94,39 hectares, a comunidade do Jacarezinho está localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. De acordo com o Instituto Pereira Passos, 37.839 pessoas moram no local. Ao todo, a comunidade tem 11.349 domicílios.