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    Cremesp pune médicas por realizarem abortos com autorização judicial em SP

    Profissionais atuavam no Hospital Cachoeirinha, que era referência em casos de aborto legal

    Fachada do Hospital Municipal da Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo
    Fachada do Hospital Municipal da Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo Prefeitura de São Paulo/Divulgação

    Bruno Laforéda CNN

    São Paulo

    O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) suspendeu por seis meses o registro de duas médicas que atuavam no Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista. As profissionais foram denunciadas, entre outras coisas, por negligência e tortura, por terem realizado procedimentos abortivos em pacientes com autorização judicial.

    A CNN apurou que uma das médicas punidas coordenava o setor responsável por procedimentos de interrupção gestacional e a outra realizava um procedimento chamado indução de assistolia fetal, necessário após 22 semanas de gravidez.

    O Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha era referência na técnica em casos de aborto previstos por lei, mas teve o serviço interrompido pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, sob a justificativa de ceder espaço para outros procedimentos ginecológicos.

    A primeira denúncia contra as médicas foi analisada pelo Cremesp no início do mês, mas se refere a um procedimento realizado em 2022. Uma nova denúncia foi feita e será analisada nesta terça (30), pelo plenário do Cremesp.

    Em ambos os casos sob avaliação, o aborto foi realizado em pacientes com fetos que possuíam má formação e sem expectativa de vida extrauterina. Nas duas ocasiões, as mulheres foram encaminhadas pela Defensoria Pública com decisão judicial favorável à realização do aborto. As profissionais possuem os documentos da Justiça como prova.

    A autoria das denúncias é desconhecida pelas médicas e sua equipe jurídica. Fontes ouvidas pela CNN alegam que as profissionais estão sendo vítimas de perseguição e que os prontuários das pacientes foram acessados de forma ilegal pelo Cremesp e pela Secretaria Municipal da Saúde, o que representa crime de quebra de sigilo médico.

    A CNN entrou em contato com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, que alegou: A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que até o momento não houve determinação oficial de afastamento de nenhum profissional do hospital citado.

    O Cremesp também enviou nota à CNN. Veja abaixo:

    O Cremesp respeita o direito da mulher ao aborto legal em casos de vítimas de crime sexual. Ressaltamos que o Conselho é uma autarquia federal que tem a prerrogativa de fiscalizar o exercício ético da Medicina em qualquer instituição hospitalar no Estado de São Paulo. O Cremesp está apurando os fatos que se encontram em sigilo nos termos da Lei. É lamentável que informações que não correspondem à realidade sejam veiculadas na sociedade.