CPI aponta indícios de irregularidades na gestão de hospital federal do RJ
Sub-relatório dos senadores indica que foram celebrados contratos suspeitos, sem licitação, o que deixou a unidade sem recursos para atender pacientes em tratamento de câncer
Documentos recebidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia indicam irregularidades no uso de recursos no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), no Rio de Janeiro.
Segundo os senadores, enquanto eram celebrados contratos suspeitos, sem licitação e com compras emergenciais, pacientes oncológicos ficaram sem assistência, em meados de 2020.
Apesar de ser o maior hospital do Rio, a unidade não foi escolhida como referência para tratamento de pacientes com Covid-19, por problemas estruturais.
O grupo que investiga as suspeitas sobre as unidades federais de saúde do Rio de Janeiro, coordenado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), recebeu uma tabela com a lista de pacientes do setor de oncologia que foram transferidos para outros hospitais “com forte risco de descontinuidade do tratamento”.
Transferências
Relatos feitos à ouvidoria do Hospital Federal de Bonsucesso, também recebidos pela CPI, indicam que cerca de 300 pessoas tiveram suas transferências feitas sem que pacientes e parentes fossem avisados — “na calada da noite”, de acordo com a documentação.
Os indícios de irregularidades estão em um sub-relatório que será entregue ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), nesta sexta-feira (15). O texto sugere que as denúncias sobre o Hospital Federal de Bonsucesso sejam investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O HFB, que é referência em atendimentos de média e alta complexidade, chegou a ser fechado no ano passado e sofreu com o impacto de um incêndio de grandes proporções, em outubro, que deixou 16 pacientes mortos.
A CNN procurou a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, responsável pela gestão do Hospital Federal de Bonsucesso e aguarda retorno.
Histórico
A investigação sobre suspeitas de má gestão nas unidades federais de saúde do Rio de Janeiro foi iniciada em julho, com depoimento do ex-governador Wilson Witzel.
Diante dos outros temas que surgiram na comissão, como os indícios de corrupção na compra de vacinas como a indiana Covaxin, e da dificuldade de marcar uma sessão secreta em que Witzel daria mais detalhes aos senadores, o tema acabou perdendo espaço.
A principal suspeita dos senadores é de que o esquema de corrupção que se instaurou nas unidades de saúde controladas pelo estado do Rio de Janeiro tenha se alastrado para as unidades federais, inclusive com os mesmos métodos e agentes privados por trás das ações suspeitas.