Correspondente Médico: Medo da Covid-19 pode atrapalhar aprendizado dos alunos?
Aulas presenciais podem retornar em 8 de setembro no estado de São Paulo
O governo do estado de São Paulo divulgou, no Diário Oficial na terça-feira (1º), as diretrizes para o retorno às aulas na rede pública e privada de ensino.
A volta, a partir do dia 8 de setembro, será permitida apenas para atividades não curriculares, em cidades que estejam há pelo menos 28 dias na fase amarela do Plano SP. A determinação é priorizar os 1º, 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e o 3º do médio.
Segundo o secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, mais de 100 municípios já sinalizaram que vão voltar na próxima semana para atividades de reforço e recuperação. Ele lembrou ainda que, especialmente neste início, o retorno à escola é “extremamente opcional” tanto para a família quanto para a escola.
“Mesmo que a prefeitura autorize, a escola precisa fazer um planejamento para que as atividades sejam ofertadas nas redes estadual ou privada”, disse ele à CNN, reiterando a obrigatoriedade do cumprimento dos protocolos já estabelecidos.
Na edição desta quarta-feira (2) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes avaliou o cenário de volta às aulas e quais os impactos da Covid-19 durante este processo de retomada do aprendizado. O médico avaliou ainda se o medo da doença pode influenciar no desenvolvimento social do aluno diante de protocolos sanitários.
“Esta situação [de volta às aulas] é um desafio. Por mais que você fale para a criança, o ato dela observar as outras [crianças] e próprio ambiente vão impactar no cérebro dela. A partir do momento que ela entende isso e o que está acontecendo, o sistema extrapiramidal, responsável pela memória de procedimento é ativado”, explica.
De acordo com o médico, todo este processo de aprendizagem e de comportamento diante da pandemia exigirá muita disciplina por parte dos pais e das crianças.
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“Quando você ensina a criança a como se comportar no transporte escolar, na sala de aula e outras atividades, por exemplo, todo o sistema da memória de procedimento sejam ativadas. Em um primeiro momento, neurônios-espelho são ativados, que observa o ambiente e me diz como devo me comportar e, depois, há uma entrada em processo de aprendizado”, disse.
Portanto, em momentos de fixação do que está sendo ensinado, é necessário ser coerente. “Não adianta a gente passar um protocolo para a criança e atuarmos de forma diferente do que foi repassado na informação”, alertou o especialista. E completa: “Como é tudo novo, é normal que, de vez em quando, haja erros e isso não é um problema”.
Na resolução publicada pelo estado de São Paulo, as escolas deverão manter distanciamento entre as pessoas, limite e rodízio de alunos, cuidados com a alimentação e com horário de entrada, por exemplo. Para o médico, tais medidas causarão uma estranheza para alguns alunos.
“A grande dica neuropedagógica é realizar um trabalho com a criatividade e bom humor nestes casos. A partir do momento que todo mundo entra na mesma sintonia, as coisas acabam acontecendo de uma forma natural, sem peso e de uma forma leve. É importante a progressão do conhecimento e, portanto, o retorno às aulas é algo extremamente fundamental para a nossa sociedade”, finaliza.
(Edição: André Rigue)