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    Condutor do Porsche recuperou CNH suspensa 12 dias antes do acidente fatal em SP

    Fernando Sastre de Andrade Filho teve a CNH suspensa no dia 5 de outubro de 2023

    Estadão Conteúdo

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    O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, condutor do Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana após bater no carro dele, havia recuperado sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) 12 dias antes do acidente, segundo a Polícia Civil de São Paulo. O caso aconteceu na madrugada do último domingo (31).

    A razão da suspensão não foi confirmada oficialmente. A reportagem apurou que entre as multas que causaram excesso de pontos na carteira e a consequente suspensão está uma por excesso de velocidade, de 31 de dezembro de 2020, em Cascavel (PR). A infração é punida com sete pontos.

    Em depoimento, o empresário afirmou que dirigia o Porsche “um pouco acima” do limite de velocidade da avenida Salim Farah Maluf, mas não precisou sua velocidade exata. O limite da via é de 50 km/h. Ele negou que estivesse sob efeito de drogas ou bebidas alcoólicas.

    A defesa do empresário, em nota assinada por Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum, considera o ocorrido como “uma fatalidade”.

    O empresário foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, além de lesão corporal, pois ele levava um passageiro, além de fuga do local de acidente.

    Fernando teve a CNH suspensa no dia 5 de outubro de 2023. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, a pontuação máxima permitida por lei é de 40 pontos. Acima disso, a carteira de habilitação é suspensa, e o motorista precisa passar por reciclagem.

    Por causa da suspensão da CNH, Fernando passou por uma “reciclagem para infratores”. O curso foi realizado entre 7 e 16 de novembro de 2023. Em 19 de março de 2024, ele recuperou a CNH e o direito de voltar a dirigir.

    Como foi o acidente

    Por volta das 23h do sábado (30), Fernando conduziu seu Porsche azul 911 Carrera GTS, 2023, até uma casa de pôquer na rua Marechal Barbacena, no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

    Ele estava com um amigo, de 22 anos. Os dois deixaram o local depois das 2h do dia 31, quando o empresário bateu na traseira do Renault Sandero EXP branco, 2017, que era dirigido por Ornaldo da Silva Viana.

    Pelas imagens, captadas pelas câmeras de segurança, é possível perceber a violência da colisão, que leva os dois carros para o canteiro da avenida. Um deles bate no poste de luz, o que provoca a queda imediata de energia elétrica no quarteirão.

    Conforme relato feito por testemunhas à Polícia Civil, o condutor do carro de luxo seguia em alta velocidade pela avenida. Ao fazer uma ultrapassagem, ele teria perdido o controle do Porsche e batido contra a traseira do Sandero branco. As circunstâncias do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil.

    O motorista de aplicativo, Ornaldo Viana, de 52 anos, que conduzia o Sandero, estava sozinho no carro. Ele chegou a ser socorrido com um quadro de parada cardiorrespiratória e encaminhado ao hospital municipal do Tatuapé. E morreu por causa de “traumatismos múltiplos”.

    Motorista afirma que policiais autorizaram ida ao hospital

    A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário que se apresentou quase 40 horas depois do acidente de trânsito.

    No registro da ocorrência, policiais que atenderam o caso afirmam que a mãe de Andrade Filho compareceu ao local e disse que levaria o filho ao Hospital São Luiz, no Ibirapuera, zona sul, para tratar de um ferimento na boca. Quando os agentes foram até ao hospital para fazer o teste do bafômetro e colher sua versão do acidente, não encontraram nenhum dos dois.

    O empresário negou que tivesse fugido do local do acidente. Disse que foi o “último a sair do local com sua mãe” e que seu amigo e Ornaldo já haviam sido socorridos. Os advogados afirmaram que ele apenas se “resguardou de linchamento”.

    Em seu depoimento, o empresário admitiu que não foi para nenhum hospital porque sua mãe passou a receber “ameaças pelo celular”. Ele afirmou que não viu quais ameaças porque sua mãe não havia deixado que ele visse as mensagens.

    O ouvidor Claudio Silva disse à reportagem que a Ouvidoria da Polícia Civil acionou a Corregedoria da Polícia Militar para apurar a conduta dos agentes.

    “Meu pai não merecia essa crueldade”, diz filho da vítima

    O motorista de aplicativo foi velado e sepultado na tarde de segunda-feira no cemitério Bonsucesso, em Guarulhos, na Grande São Paulo. “Meu pai não merecia essa crueldade”, disse um dos filhos da vítima, Lucas Morais, 28 anos, que tem a mesma ocupação do pai.

    Viana nasceu em Codó, no Maranhão, e morava atualmente em Guarulhos. Pai de três filhos, o motorista era evangélico e, segundo amigos, era do tipo brincalhão extrovertido e de riso fácil.

    A dor da perda dá espaço à indignação. “Porque não fizeram o bafômetro? Por que liberaram ele (o motorista do Porsche)? Não entendo muito de lei, mas não podem liberar ninguém depois de um acidente daquele”, disse Lucas.

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