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    Comunidade judaica reforça segurança após aumento de denúncias antissemitismo

    Em outubro, foram registradas 467 denúncias no Departamento de Segurança Comunitária da Confederação Israelita do Brasil (Conib), contra 44 em comparação ao mesmo mês de 2022

    Isabelle Salemeda CNN , em São Paulo

    A comunidade judaica no Brasil teve que reforçar a segurança desde os ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro. O motivo é o aumento de 961,36% nas denúncias de preconceito, hostilidade e discriminação contra judeus no mês passado, em comparação ao mesmo mês de 2022.

    “Obviamente que o reforço de segurança foi feito nas escolas, nas sinagogas, nas atividades comunitárias, porque a gente tem que se precaver. Felizmente, aqui no Estado de São Paulo, o secretário de segurança, o vice-governador, essas pessoas, nos ajudaram a fazer esse reforço, muito preocupados com a segurança da população. Porque o fato de mim e de toda a comunidade professar a religião judaica, isso não nos torna nem melhor, nem pior que ninguém. A gente respeita as outras religiões, a gente respeita as outras etnias. E o que a gente pede é respeito”, disse o vice-presidente presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Daniel Bialski.

    Dados da Conib e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), divulgados nesta quinta-feira (9), seriam, segundo a comunidade israelense no país, um reflexo do conflito no Oriente Médio, apesar da distância geográfica.

    “Não podemos imaginar um cenário em que as minorias sejam discriminadas, em que o discurso de ódio se faça presente e que as manifestações violentas se expressem mais que o sentido da convergência e do entendimento”, afirmou o presidente da Conib, Claudio Lottenberg.

    No mês passado, foram registradas 467 denúncias no Departamento de Segurança Comunitária Conib/FISESP, contra 44 em outubro de 2022. O período coincide com os primeiros ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro. E a situação pode ser ainda pior, uma vez que a Conib acredita que há subnotificação nos números.

    A maioria das ações discriminatórias aconteceram pelas redes socias. Por isso, a Conib tem cobrado medidas preventivas das plataformas.

    “A gente pede que as plataformas digitais, onde as pessoas disseminam esse ódio, regulem de forma mais rigorosa esse tipo de manifestação, justamente para que a gente possa, além de punir essas pessoas, educar outras pessoas. Algumas pessoas falam algumas frases, relacionam Israel, os judeus, ao Nazismo, achando que isso não é antissemitismo, mas isso é antissemitismo”, disse Bialski.

    Segundo o levantamento, crianças, jovens, homens e mulheres de todas as idades sofreram algum tipo de violência por serem judeus. Se considerado o acumulado do ano, de janeiro a outubro, o aumento é de 133,6%, com 876 denúncias nesses primeiros dez meses de 2023.

    “Por enquanto, aqui, pelo menos no Brasil, graças a Deus, apenas denúncias verbais. Denúncias em mídias sociais. Ainda nenhuma denúncia de agressão física. Mas é isso que nós queremos evitar: que chegue a esse ponto de uma agressão física”, detalhou bem presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel.

    Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo

    O estudo foi apresentado nesta quinta-feira (9), Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo, em eventos em São Paulo e em outras quatro capitais do país – Brasília, Porto Alegre, Recife e Salvador.

    Nesta data, em 1938, tropas nazistas destruíram casas e estabelecimentos comerciais de judeus, incendiaram sinagogas em várias cidades alemãs e dezenas de judeus foram mortos. O episódio passou a ser conhecido como a Noite dos Cristais Quebrados.

    Nesta terça-feira (7), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou o projeto de lei que coloca o Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo no calendário oficial da cidade.

    Veja também – PF investiga se preso recebeu dinheiro do Hezbollah para planejar ataques