Comerciantes que socorreram Thiago Rodrigues dizem que ator caiu sozinho
Ator se machucou no dia 11 de dezembro no Rio de Janeiro e, inicialmente, disse à Polícia que foi agredido por bandidos
Depoimentos de três pessoas que trabalham em uma feira de antiguidades na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, devem por fim à investigação que apura como o ator Thiago Rodrigues se machucou na manhã do último domingo (11). A CNN localizou o casal que socorreu o ator e eles são categóricos em afirmar que Thiago se machucou sozinho, sem briga ou assalto.
“Ele estava sentado em uma barraca ali na frente com o corpo emborcado, dormindo”, conta o comerciante Ramiro Magalhães, que viu o ator antes do ferimento. Questionado sobre o que ele pensou quando viu o ator, Ramiro disse: “ele logo iria cair. O peso da cabeça iria puxá-lo pra frente e foi o que aconteceu. Ele bateu com a cabeça no chão”.
A esposa dele, Claudia Magalhães, foi quem socorreu o ator depois da queda. Ela conta que, no início, o ator relutou a ir para o hospital e só depois da conversa conseguiu convencê-lo a pegar um táxi.
“Ele ficou mais calmo, aí nisso eu vi que no chão tinha aquelas carteiras com vários cartões de crédito e a mochila dele toda aberta. Eu peguei a carteira na ponta da mão e falei ‘olha só, a carteira tá aqui e eu vou colocar dentro da sua mochila’”, disse ela à CNN.
“Depois ele estava mais calminho. Meu marido pegou água, aí eu falei: ‘cara, você tá todo ensanguentado, não vão querer te levar’. Aí ele pegou o boné para esconder o ferimento e foi embora de táxi”, completa Claudia.
Ao longo da última semana, agentes da 15ª Delegacia de Polícia, da Gávea, se empenharam em solucionar o mistério. Eles colheram o depoimento do próprio Thiago, da amiga que foi a última pessoa a estar com ele e do taxista que o levou ao hospital depois dos ferimentos. A tendência é que os comerciantes que foram ouvidos pela CNN prestem depoimento na delegacia e o caso seja arquivado.
A CNN também localizou a primeira pessoa a encontrar Thiago Rodrigues na praça Santos Dumont, o comerciante Anderson Peixoto. Ele é o responsável por montar as barracas da feira de antiguidades onde Ramiro e Claudia trabalham. Anderson conta que chegou a pedir que Thiago saísse de cima da barraca onde estava sentado pra que ele pudesse continuar o serviço, mas não foi atendido.
“Assim que ele chegou eu falei com ele: ‘posso montar o fio aqui?’ Ele não queria sair, disse que estava esperando o Uber”, contou.
Tudo começou com uma notícia de uma coluna de jornal no dia em que Thiago havia se machucado. O texto afirmava que ele havia sido “espancado por bandidos”, sugerindo que a fonte da informação tinha sido o próprio ator. O relato, no entanto, não foi sustentado no depoimento de Thiago à polícia dois dias depois. Ele também não fez registro de ocorrência ou exame de corpo delito no IML.
A investigação começou, então, a refazer os passos de Thiago na madrugada de sábado para domingo da semana passada. Eles ouviram o policial que estava de plantão no hospital Miguel Couto, para onde o ator foi levado, uma amiga que esteve com Thiago até o início da manhã de domingo e o taxista que o levou ao hospital.
Outros elementos fizeram a tese de roubo perder força ao longo da semana, como o fato de os supostos bandidos não terem levado uma corrente de ouro que Thiago tinha no pescoço e nem a mochila dele, com a carteira e vários cartões de crédito.
Nas imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia também não é possível identificar nenhuma movimentação atípica na Praça Santos Dumont, afastando a possibilidade de um bando de ladrões ter assaltado Thiago ali. Os relatos da amiga dele apontavam que, quando os dois se despediram e ela foi embora, o sol já havia raiado.
Outras imagens de câmeras de segurança foram enviadas para a delegacia e estão sendo analisadas pela equipe da delegada Bianca Lima. Caso os registros mostrem o ator caindo sozinho, a investigação pode ser encerrada e o caso arquivado mesmo sem novas testemunhas.