Com pandemia, participação de negros no Enem cai 7,5 pontos percentuais
Especialista afirma que a pandemia do coronavírus agravou desigualdades
A fatia de negros que participam do Enem caiu 7,5 pontos percentuais neste ano. O levantamento da CNN foi feito com base em dados do próprio Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que administra a prova.
Em 2020, com 5,6 milhões de inscritos, O Exame Nacional do Ensino Médio tinha 47,8% de pardos e 13,5% de pretos. O IBGE considera como negros a soma das populações de pardos e pretos. Ou seja, 61,3%. Neste ano, tanto a participação de pardos quanto de pretos diminuiu. Entre os inscritos para o Enem 2021, 42,2% se declararam pardos e 11,6% pretos. Já a parcela de alunos brancos que prestam a prova subiu consideravelmente entre 2020 e 2021, passando de 35,3% para 41,4%.
“A pandemia ela acirrou muito mais as desigualdades socioeconômicas do país. As escolas que mais ficaram com os alunos de fato sem acesso por ter um celular só em casa pela família inteira ou problemas com internet, foram as públicas que ficam em regiões mais vulneráveis. Isso também reflete na própria população negra, porque é onde ela mais se adensa. O impacto na pandemia é muito mais sentido na população mais pobre e dentro dela a gente tem uma incidência muito maior de negros e parte desses alunos não tendo acesso a materiais ou aulas, acabou não se inscrevendo”, afirmou à CNN o doutor em educação Wolney Melo.
- 1 de 11
No primeiro ano, em 1998, apenas duas universidades no Brasil utilizavam a nota do Enem como método de classificação para o vestibular • Marcello Casal Jr./Agência Brasil
- 2 de 11
O MEC passou a conceder isenção da taxa de inscrição aos estudantes da rede pública em 2001.houve um salto no número de participantes, e no ano seguinte o Enem registrou 1.829.170 inscritos • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
- 3 de 11
15/01/2009: Foto de interno da Fundação CASA, em Itaquera, que faz faculdade com bolsa de estudo integral através do programa ProUni. Em 2004, o programa começou a usar a nota do Enem para concessão de bolsas de estudos integrais e parciais aos participantes • Sérgio Neves/Estadão Conteúdo
-
- 4 de 11
Em 2011, a participação no Enem seria obrigatória para quem quisesse financiar seus estudos por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) • Foto: Agência Brasil
- 5 de 11
Estudantes realizam manifestação contra a fraude no processo do Enem 2009. Os manifestantes seguiram da Câmara Municipal, na Praça da Cinelândia, até o Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação, no centro do Rio de Janeiro • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
- 6 de 11
Estudantes protestam contra as falhas no Enem em 2010. Alguns estudantes colocaram fogo em cartões de respostas e foram até o Palácio Capanema, sede do Ministério da Educação (MEC) • Fábio Motta/Estadão Conteúdo
-
- 7 de 11
Estudantes fazem manifestação no vão livre do MASP, em São Paulo devido aos problemas ocorridos no Enem 2010. Vazamento dos dados dos candidatos foi um deles • Jonne Roriz/Estadão Conteúdo
- 8 de 11
A correção das redações do Enem passou a ser mais rigorosa em 2013. As providências foram tomadas para que casos como inserção de receita de miojo ou hino do Palmeiras - que receberam nota acima 500 - não sejam tolerados • Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
- 9 de 11
O segundo dia de aplicação do Enem 2020 teve 55,3% de faltas, abstenção recorde no exame, segundo o Inep. A pandemia adiou a prova de 2020 para janeiro de 2021, mesmo assim, muitos alunos não se sentiram preparados ou seguros para fazer a prova • Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
-
- 10 de 11
Desde 2020, o participante pode escolher entre fazer o exame impresso ou o Enem Digital, com provas aplicadas em computadores, em locais de prova definidos pelo Inep. O MEC anunciou o lançamento da modalidade em 2019 • Marcello Casal Jr/Agência Brasil
- 11 de 11
Dezenas de servidores do Inep, órgão responsável pelo Enem, pediram demissão coletiva de seus cargos em resposta ao que classificam de “má gestão” do instituto, órgão ligado ao Ministério da Educação • Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Outro fato importante é que as inscrições dos alunos das escolas públicas são feitas muitas vezes usando os computadores da própria escola, com a orientação dos professores e diretores. Com as escolas fechadas, eles não foram orientados e incentivados a fazer isso como antes”, completa o especialista.
Em meio à pandemia, as inscrições para a prova despencaram 46%. Em 2020 foram 5.687.397 inscritos. Em 2021, 3.109.762 alunos. Os dados do Inep analisados pela CNN contemplam as duas modalidades de prova, impressa e digital. A participação de pessoas com outras etnias, como amarelos, indígenas e os que não declararam, manteve-se praticamente igual, com leve oscilação de 4,8% do total de inscritos em 2020 para 4,5% do total em 2021.