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    Com agravamento da pandemia e UTIs lotadas, RS aumenta medidas de restrição

    Governador impõe bandeira preta a todos municípios, restringindo atendimento de comércios e serviços e circulação de pessoas

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    Diante do agravamento da pandemia do novo coronavírus no Rio Grande do Sul, o governo estadual endureceu as medidas de restrição para tentar conter a propagação da doença.

    A decisão, anunciada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) na quinta-feira (25), obrigará todos os municípios a adotarem os protocolos da bandeira preta (mais informações abaixo), nível mais rígido do sistema gaúcho de enfrentamento à pandemia, de sábado (27) até o dia 7 de março.

    Também foi suspenso o sistema de cogestão regional, que permitia aos municípios flexibilizar as regras de acordo com suas situações.

    No RS, o Plano Distanciamento Controlado divide o estado em bandeiras nas cores amarela, laranja, vermelha ou preta – esta última simbolizando risco altíssimo de contaminação pela Covid-19.

    Entre os dados que mais preocupam o governo estão o crescimento exponencial de contágio de novo coronavírus e o pico de internações em leitos hospitalares, que já levou ao esgotamento de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em algumas regiões.

    De acordo com dados da Agência CNN, a média de ocupação dos leitos de UTI na rede pública do Rio Grande do Sul é de 89,2%. Na rede privada o índice é 99,2%, indicando esgotamento das vagas.

    Em seu site, o governo gaúcho afirmou que a adoção da bandeira preta “não é o mesmo que decretar lockdown, medida mais extrema que foi adotada em alguns estados e em outros países, mas impõe medidas mais rígidas para conter a circulação do vírus”. 

    A medida não foi bem recebida pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que na quinta-feira já havia anunciado medidas para ampliar o atendimento da rede hospitalar e diminuir a taxa de contágio na cidade, como abertura de novos leitos, restrição de passageiros em pé no transporte público, adoção de trabalho remoto para órgãos municipais e o fechamento de espaços culturais

    “Eu respeito a decisão do governador, mas não concordo. Nós vamos seguir trabalhando para abrir leitos e salvar vidas, mas não podemos descuidar da falta de renda e emprego, que está sufocando Porto Alegre”, declarou Melo.

    Fila de atendimento

    De acordo com dados da prefeitura de Porto Alegre, na noite de quinta-feira (25) havia 113 pacientes à espera de um leito de terapia intensiva na capital gaúcha.

    De acordo com levantamento do jornal ao GaúchaZH, ao menos 5 pessoas morreram no estado à espera de um leito de UTI nos últimos dias – o caso mais recente ocorreu na quarta-feira (24). Em todo o estado, foram 190 mortes por Covid-19 de segunda (22) até quinta-feira (25).

    “Se for comparar, já estou enxergando o pico do Everest. Estamos aqui apavorados. A partir de agora, os hospitais gaúchos, entre públicos e privados, têm o compromisso de disponibilizar toda a sua estrutura para atendimento de casos de covid-19, porque estamos na fase mais crítica, que precisa de atitudes mais drásticas”, disse a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, ao jornal O Estado de S. Paulo.

    Regras da bandeira preta

    O ensino presencial em escolas de ensino Infantil e em turmas de 1º e 2º ano do ensino fundamental continua permitido enquanto durar o período de bandeira preta no estado. O restante dos anos escolares, porém, assim como o Ensino Superior, só podem funcionar de forma remota.

    Em relação ao serviço público, apenas saúde, segurança, ordem pública e atividades de fiscalização podem funcionar com 100% das equipes. Demais serviços atuam com no máximo 25% dos trabalhadores presencialmente.

    Já serviços como restaurantes (la carte ou com prato feito), lanchonetes e bares podem funcionar apenas com entrega e retirada (além de atuar com apenas 25% da equipe de funcionários). 

    O comércio atacadista e varejista de itens essenciais pode funcionar de forma presencial, mas com restrições. Já o comércio de veículos, atacadista e varejista não essenciais, ficam fechados.

    Cursos de dança, música, idiomas e esportes também não têm permissão para funcionar presencialmente. Parques temáticos, zoológicos, teatros, auditórios, casas de espetáculos e shows, circos, cinemas e bibliotecas também ficam fechados.

    O mesmo vale para academias, centros de treinamento, quadras, clubes sociais e esportivos. No caso de academias situadas em condomínios, o atendimento pode ser feito de forma individualizada ou entre coabitantes

    Locais públicos abertos, como parques, praças, faixa de areia e mar, devem ser utilizados somente para circulação, respeitado o distanciamento pessoal e o uso obrigatório de máscaras.

    Missas e serviços religiosos podem operar sem atendimento ao público, com 25% dos trabalhadores, para captação de áudio e vídeo das celebrações. Bancos, lotéricas e similares podem realizar atendimento individual, sob agendamento, com 50% dos funcionários.

    No transporte coletivo municipal e metropolitano de passageiros, é permitido ocupar 50% da capacidade total do veículo, com janelas abertas

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