Com 621 pedidos de blocos, Carnaval de rua de 2022 desafia organizadores no RJ
Fiocruz e UFRJ recomendam que megaeventos aconteçam somente quando o estado atingir 80% da população imunizada
O Carnaval de rua de 2022 voltou à pauta do Legislativo carioca nesta sexta-feira (15). Em audiência pública virtual, a Comissão Especial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro se reuniu para debater políticas públicas de infraestrutura e fomento ao evento no ano que vem.
O caderno de encargos e o cadastro dos blocos também esteve na pauta. Na próxima sexta-feira (22), o grupo se reúne, mais uma vez, para debater o cenário das escolas de samba.
Nesta quinta-feira (14), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgou uma série de recomendações para a realização do Carnaval 2022. A Nota Técnica, redigida a pedido da comissão, elencou alertas como 80% da população totalmente imunizada.
A reunião faz parte dos encontros que a comissão tem promovido para debater as medidas necessárias para realizar a festa com segurança sanitária. No dia 3 de novembro, o foco serão os festejos que acontecem na Avenida República do Chile, no Centro da capital fluminense.
Pedidos de blocos
Até o momento, a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) já recebeu 621 pedidos de desfiles para o evento, sendo 110 deles requerimentos inéditos.
Apesar da alta demanda, a instituição informou que nem todas essas solicitações devem ser atendidas. Isso, porque, de acordo com o diretor de Operações da Riotur, Rafael Bandeira, a previsão é de que o total de autorizações se limite a 500 desfiles.
“Essa questão de limitação foi feita através dos últimos anos com Ministério Público e os blocos que participam do Carnaval, mas não quer dizer que não possa ser analisado”, disse Bandeira.
Preocupações
Rafael explica que alguns pontos — como os cadastros e a legalização dos desfiles — preocupam os órgãos públicos, por conta de contingente, trajetos sobrepostos e cruzamento de desfiles, por exemplo. “A Riotur é totalmente ao lado dos blocos, é a alegria da cidade e um benefício para todos”, ressalta.
De acordo com Bandeira, a partir da próxima semana, a empresa inicia as análises dos eventos com a Guarda Municipal do Rio de Janeiro e Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Em dezembro, será a vez dos blocos maiores serem avaliados pelo Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar.
O presidente da Comissão Especial, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) chamou a atenção para prováveis problemas relativos ao credenciamento.
“Esse número arbitrário de 500 blocos é irreal, porque, quando se corta um bloco, ele vai sair em outro lugar. E a Prefeitura perde a oportunidade de organizar. Essa é a questão, os blocos vão acontecer. Os eventos de Carnaval serão mais de 1.000”, afirmou.
Apesar das projeções para o megaevento, o vereador relembrou que a situação epidemiológica da capital fluminense segue em análise e que as chances de um adiamento não estão descartadas.
“Estamos propondo à Prefeitura parâmetros para medir a possibilidade de termos Carnaval. Estamos esperando que aconteça. Mas, ao mesmo tempo, há a questão ética de, enquanto sociedade e poder público, assumir os riscos que vamos correr caso decidamos fazer o Carnaval”, afirmou.
De acordo com o parlamentar, a proposta da comissão é que a Riotur considere a possibilidade de algum problema maior, do ponto de vista da pandemia, e facilite o processo burocrático, caso o cronograma precise ser alterado.
Segundo o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado nesta sexta-feira, atualmente, a cidade tem 263 casos de internação. Esse número representa uma redução de 65% nos casos graves.
(*sob supervisão de Camille Couto)