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    CNN No Plural+: Uma festa de conquistas, direitos e muito orgulho

    Membros da comunidade LGBTQIA+ relembram trajetórias e destacam a importância da 26ª Parada do Orgulho LGBT, que acontece no domingo (19)

    Letícia BritoRafael Câmarada CNN

    Em São Paulo

    Orgulho.

    Uma palavra que remete a um sentimento simples. No entanto, para uma comunidade que cresceu ouvindo que a própria identidade é sinônimo de vergonha, sentir orgulho significa a retomada de muita coisa.

    “A ideia do orgulho é muito importante para romper esse ciclo que é de vergonha, de estigma que vem de fora da gente e a gente poder afirmar a nossa identidade de um modo pleno e tranquilo e feliz com isso, para reconstruir a sua relação com você mesmo.” diz Renan Quinalha, um homem cis gay, especialista da CNN Brasil em direitos humanos.

    Em 19 de junho, a comunidade LGBTQIA+, após dois anos de eventos e comemorações online, ocupou com a 26ª Parada do Orgulho LGBT+ um dos principais cartões postais do Brasil, a avenida Paulista, em uma festa que simboliza a inclusão, a diversidade e o respeito. E fazer tudo isso no país que mais mata e deixa matar LGBT+ do mundo exige coragem.

    Renan Quinalha, homem cis gay, especialista da CNN Brasil em direitos humanos / Allan Santos, CNN Brasil

    Houve um episódio bastante conhecido aqui na Paulista de um jovem que recebeu uma lampadada por conta de estar abraçado a um amigo e ser tomado como homossexual. Então ainda há homofobia, ainda há essa violência, mas a Paulista se tornou o palco. Com as paradas ano a ano vindo ocupar esse espaço como um espaço de celebração, de luta, de visibilidade, eu acho que isso também foi tornando esse território um território cada vez mais livre e aberto.

    Renan Quinalha, homem cis gay, especialista da CNN Brasil em direitos humanos

    Celebração. O ato de celebrar o direito de ser quem é e as conquistas que já foram obtidas pela comunidade LGBTQIA+: o direito ao casamento civil, adoção, doação de sangue por homens homossexuais e bissexuais, a retificação do registro civil por pessoas transsexuais são algumas das conquistas dessa comunidade, que organizou a primeira Parada do Orgulho em São Paulo em 1997, há 25 anos. Ikaro Kadoshi, um homem cis gay que é apresentador e drag queen, participa desde a terceira edição do evento.

    Ikaro Kadoshi, homem cis gay, apresentador e drag queen / Kleberth Nina, CNN Brasil

    Eu venho todo ano celebrar o fato de ter conseguido viver mais 365 dias em um país que mata um dos meus todos os dias. Então isso aqui pra mim é estar em casa, é celebrar a vida, lutar pelos direitos. Muitas pessoas falam ‘ah mas é muito estranho vocês estarem na Paulista na parada, celebrando numa festa’. Nós somos o país que mais mata LGTBQIA+ no mundo. Se você não celebrar o fato de estar vivo e gritar, com festa, que você está vivo, quem vai por você?

    Ikaro Kadoshi, homem cis gay, apresentador e drag queen

    Estar em casa. E além de ser uma festa, é um momento em que pessoas LGBTQIA+, espalhadas por todo o país, se encontram enquanto comunidade. Saem dos seus armários, se livram de muitas amarras impostas pelo preconceito do dia a dia e podem se ver como iguais. É esse senso de comunidade que ajudou Carol Fernandes, uma mulher lésbica, a ter orgulho. Ela é idealizadora da Livraria Pulsa, um estabelecimento dedicado a autores LGBTQIA+.

    Carol Fernandes, mulher cis lésbica, idealizadora da Livraria Pulsa / CNN Brasil, Allan Santos

    Eu entendo que a minha sexualidade está diretamente ligada a essa comunidade. A partir do momento que eu me senti fazendo parte, eu pude realmente me sentir orgulhosa de ser quem eu sou, de fazer parte de pessoas que vivem como eu, que me entendem, que entendem o meu processo, meu histórico de vida e de luta. Então me espelhar nessas mulheres que vieram antes de mim faz toda a diferença e me orgulha muito.

    Carol Fernandes, mulher cis lésbica, idealizadora da Livraria Pulsa

    Luta. A primeira manifestação do Orgulho LGBT+ aconteceu há mais de cinquenta anos, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 1969. Após uma batida policial violenta no bar LGBT+ Stonewall Inn, uma série de marchas e manifestações deram início a uma caminhada sem volta, em busca de direitos, dignidade e respeito. Desde então, a data oficial que relembra o Dia Internacional do Orgulho LGBT+ é comemorada em 28 de junho.

    À frente das manifestações de Stonewall estava a ativista Marsha P. Johnson, uma travesti negra que se tornaria um símbolo para toda a comunidade LGBT+. É nela que se inspira Marcella Montteiro, uma mulher trans, orientadora socioeducacional. “Eu costumo dizer que a travesti sempre foi a parede do front, antes de todo o restante do movimento chegar, a travesti estava ali dando o seu peito, a sua cara, o seu corpo”, diz Marcella.

    Marcella que expressa a partir de seu corpo, com seu sorriso, o orgulho que tem em ser a mulher travesti, negra, da periferia de São Paulo que é.

    Marcella Montteiro, mulher trans, orientadora socioeducacional / Kleberth Nina, CNN Brasil

    Eu acho que isso, a minha marca, a minha bandeira é o sorrisão, é essa forma de mostrar para as pessoas que eu posso estar com qualquer problema, mas eu não preciso transparecer e carregar para as pessoas. Então o meu sorriso é exatamente isso, é dizer ao outro “eu estou bem, eu estou feliz, eu tenho orgulho de ser quem eu sou.

    Marcella Montteiro, mulher trans, orientadora socioeducacional
    • Apoio: Carol Raciunas