Cid Moreira: conheça a trajetória do locutor e jornalista
O locutor e jornalista morreu na manhã desta quinta-feira (3)
O apresentador Cid Moreira se tornou um dos mais conhecidos da TV brasileira por ficar à frente do Jornal Nacional por 26 anos. O também locutor foi um dos primeiros comunicadores no comando do periódico da TV Globo.
Cid Moreira morreu por volta das 8h desta quinta-feira (3), em um hospital de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A unidade de saúde confirmou que o jornalista morreu de insuficiência renal.
Nascido em Taubaté, em São Paulo, em 29 de setembro de 1927, Cid Moreira era filho de Isauro Moreira e Elza Moreira. O jornalista teve dois irmãos: o locutor Célio Moreira, que morreu aos 89 anos, em 2021, e Céia Moreira, que morreu aos 74 anos, em um acidente de carro, em 2003.
Inconfundível por sua voz grave, Cid Moreira tornou-se contador aos 15 anos, na rádio Difusora de Taubaté, antes de migrar para a Rádio Bandeirantes, em 1947. Nos anos seguintes, o comunicador se destacou em outras rádios como narrador até se tornar nacionalmente conhecido por apresentar pela primeira vez o Jornal Nacional, da TV Globo, em 1969.
Quando deixou o noticiário, em 1996, ele se tornou o âncora com mais tempo no comando de um jornal no Brasil. William Bonner, no entanto, ultrapassou sua marca e está há 28 anos como apresentador do principal telejornal da emissora carioca.
Carreira
Após iniciar a carreira na rádio Difusora de Taubaté e migrar para a Bandeirantes, onde foi contratado como locutor oficial da campanha de um dos proprietários do veículo, Cid Moreira mudou para a Rádio Mayrink Veiga, onde trabalhou por 12 anos.
Com o destaque como narrador, ele foi contratado pela TV Excelsior e narrou documentários para o cinema, além de apresentar o jornal semanal Canal 100, produzido por Carlos Niemeyer.
Entre os trabalhos como narrador, atuou no filme “Angu de Caroço”, de 1955, voltando a ser narrador em 1958, no longa “Traficantes do Crime”. Cerca de uma década depois, em 1969, ele estreou apresentando a primeira edição do noticiário Jornal Nacional, ao lado de Hilton Gomes, em 1º de setembro daquele ano.
Em um dos mais conhecidos telejornais do país, Cid Moreira esteve no comando também ao lado de Sérgio Chapelin, até 29 de março de 1996. Em 2015, ambos voltaram para uma edição especial do jornal, em uma homenagem aos 50 anos da TV Globo.
O locutor e jornalista também obteve sucesso e reconhecimento nacional ao narrar trechos da Bíblia e vender mais de 30 milhões de CDs ao público religioso. Dentre as gravações mais conhecidas estão “A Bíblia Sagrada — O Novo Testamento” (2002), “Coleção Novo Testamento” (2004) e “A Bíblia Sagrada em texto integral” (2004 a 2009).
Na vinheta do Fantástico e programas esportivos da emissora carioca sobre a Copa do Mundo de 2010, a entonação e voz de Cid Moreira também foram aproveitadas. O bordão “Jabulaaani” fazia referência ao nome da bola da então competição, e até hoje aparece em cortes de vídeos da ocasião esportiva.
Aos 83 anos, sua biografia foi lançada e chamada de “Boa noite: Cid Moreira, a grande voz da comunicação no Brasil”, em referência à frase dita diariamente por ele em seus tempos de Jornal Nacional. De Fátima Sampaio Moreira, o livro acompanha a vida pessoal e profissional do jornalista.
Vida pessoal
Um dos mais conhecidos e respeitados nomes do jornalismo brasileiro, Cid Moreira se consolidou com uma longa carreira na rádio e na TV. Na vida pessoal, no entanto, o jornalista enfrentou algumas perdas.
Cid Moreira teve três filhos: Jaciara, Rodrigo e Roger. Sua única filha é fruto do primeiro casamento do jornalista, com Nelcy Moreira. A herdeira do comunicador morreu em 2020, aos 50 anos, vítima de um enfisema pulmonar. Devido ao vício no cigarro, ela sofria da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que dificulta a respiração.
Jaciara perdeu um filho, Alexandre Moreira, que morreu aos 21 anos em um acidente de carro, em 1996.
Rodrigo Moreira é fruto do relacionamento de Cid Moreira com Olga Verônica Radenzev. Os dois ficaram juntos no início da década de 1970, e após o fim do casamento, pai e filho se afastaram.
O terceiro filho de Cid Moreira é adotivo. Roger era sobrinho de Ulhiana Naumtchyk, com quem o comunicador se casou em 1985 e permaneceu por 20 anos. Ao anunciarem a separação, em 2005, o casal informou que já estava separado há pelo menos sete anos. Na mesma época, Cid Moreira começou a namorar Fátima Sampaio, com quem manteve um romance até sua morte.
Rompimento com os filhos
Ao longo da vida, o jornalista Cid Moreira não manteve boa relação com nenhum dos dois filhos. Ambos, inclusive, chegaram a entrar na Justiça em diferentes ocasiões contra o pai. Rodrigo Moreira, por exemplo, o processou por abandono afetivo em 2006, mas perdeu a ação. Segundo ele, o jornalista pagou sua pensão até seus 18 anos, mas não cumpriu sua função como pai desde que rompeu o relacionamento com Olga Radenzev, quando Rodrigo tinha pouco mais de 1 ano de vida.
Em 2021, ele foi o responsável por iniciar outro processo judicial, pedindo a interdição de Cid Moreira e a prisão de Fátima Sampaio, alegando que ela se aproveitou da fragilidade do jornalista para se apossar de seus bens. O casal tinha 36 anos de diferença de idade.
O comunicador, no entanto, chegou a rebater as acusações. Em outubro de 2023, ele disse em entrevista ao R7: “Quantas histórias de ódio, traição e desapontamentos entre os membros de uma família. Então, como tudo neste mundo, a família pode ser o nosso bem e o nosso mal”.
Roger Moreira também alegou em 2021 que foi deserdado pelo comunicador e que passou a ter dificuldades para visitá-lo. Ele entrou com uma ação para voltar a se encontrar com Cid Moreira e participou com o irmão do processo de acusação contra Fátima.