Chacina no DF: Polícia conclui investigação da morte de 10 pessoas da mesma família
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, o crime foi motivado por interesses financeiros e disputa por terra
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (27) em Brasília, a Polícia Civil do Distrito Federal divulgou o resultado das investigações sobre a morte de 10 pessoas da mesma família.
Segundo os investigadores, os suspeitos fazem parte de uma organização criminosa e planejavam o crime há pelo menos três meses. A chácara usada como cativeiro, foi alugada para este fim em outubro do ano passado.
O delegado Ricardo Viana, titular da 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, disse que o crime foi motivado por questões financeiras e por uma disputa de terras.
Os presos são: Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Fabrício Silva Canhedo, Carlomam dos Santos Nogueira e Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”.
Um adolescente de 17 anos também foi detido por participação no crime. Ele confessou ter recebido cerca de R$ 2 mil para ajudar o grupo. As investigações apontaram que o menor agiu constrangendo as vítimas, mas fugiu do local porque teria se assustado com as cenas que presenciou.
Os investigados foram indiciados pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), corrupção de menores, extorsão mediante sequestro qualificado pelo resultado morte, homicídio qualificado por motivo torpe e ocultação de cadáver. Somadas, as penas podem variar de 190 a 340 anos de prisão.
O delegado Viana explicou que dois dos suspeitos – Horácio e Gideon – moravam na mesma chácara que parte da família assassinada e sabiam que o imóvel era avaliado em R$ 2 milhões. A ideia dos criminosos seria matar a família para ter a posse do imóvel para comercialização. A polícia apura se já havia um comprador em potencial para o imóvel.
A chácara pertencia a Marcos Antônio Lopes de Oliveira, encontrado morto e esquartejado no terreno da propriedade que foi usada pelos criminosos como cativeiro para as vítimas.
Ainda segundo as investigações, Cláudia Regina Marques de Oliveira – ex-mulher de Marcos Antônio tinha recebido 200 mil reais pela venda de uma casa. Parte do valor teria sigo pago em dinheiro.
A polícia apurou que todos os mortos foram atraídos para a chácara. E foram obrigados a passar dados pessoais, e informações bancárias para os criminosos, além de fornecer os cartões de crédito e as senhas.
Horácio e Gideon se passavam por vítimas, no cativeiro, e ficavam ao lado da família, para não levantar suspeitas.
Para a polícia, este é um dos casos mais emblemáticos apurados pela polícia civil do Distrito Federal em toda a sua história.
Segundo Ricardo Viana, “Essas pessoas foram mortas de formas diferentes e de uma crueldade extrema. (…) Tinha aquela esperança de chegar e encontrar essas pessoas com vida. Ali a gente viu a crueldade de que essas pessoas estavam munidas para praticar esses crimes. Foi uma coisa jamais vista no âmbito dessa polícia judiciária”,
Cronologia
As investigações começaram no dia 12 de janeiro após o desaparecimento da cabeleireira Elizamar Silva, de 39 anos, e dos três filhos dela: Rafael e Rafaela de 6 anos e Gabriel, de 7. No dia seguinte, o carro de Elizamar foi encontrado carbonizado numa rodovia em Cristalina-GO, com quatro corpos. A identidade de Elizamar e dos filhos foi confirmada pelo IML de Goiás.
Também na sexta-feira (13), o marido de Elizamar, Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos, o pai dele – Marcos Antonio de Oliveira, a mãe Renata Belchior e a irmã, Gabriela Belchior, foram dados como desaparecidas.
Já no sábado (14), o carro da família foi encontrado carbonizado em Unaí (MG). Os corpos da mãe e da irmã de Thiago estavam dentro do veículo e foram identificados pelo IML de Minas Gerais.
O corpo de Marcos Antônio foi encontrado na quarta-feira, dia 18, enterrado e esquartejado na chácara usada como cativeiro.
Já no dia 24, a polícia encontrou os corpos de Thiago, da ex-mulher do pai dele, Cláudia Regina Marques, e da filha dela, Ana Beatriz Marques, de 19 anos, no fundo de uma cisterna, em um imóvel abandonado, há 5km do cativeiro.