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    Censo Indígena 2022: Ministra diz que as pessoas estão “se sentindo à vontade” para falar que são indígenas

    IBGE aponta que população quase dobrou em 10 anos, de 896 mil para 1,69 milhão; governo relaciona o aumento à visibilidade dos povos

    Para Sonia Guajajara, o sentimento de pertencimento tem relação com o aumento expressivo da população
    Para Sonia Guajajara, o sentimento de pertencimento tem relação com o aumento expressivo da população Joédson Alves/Agência Brasil

    Brenda Silvada CNN

    em Brasília

    As ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e do Planejamento, Simone Tebet, afirmaram que o aumento significativo da população indígena é resultado do alcance dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do sentimento de pertencimento dos indígenas que vivem em áreas urbanas.

    “É um momento também oportuno, porque as pessoas estão se sentindo à vontade para falar que são indígenas, sendo que teve momento em que as pessoas tiveram que negar a sua identidade para não morrer. Então, é sim muito significativo isso para nós”, declarou Sonia Guajajara em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (7).

    As ministras falaram com jornalistas após a divulgação do Censo Indígena 2022 pelo IBGE, que revelou a existência de 1,69 milhão de indígenas em território brasileiro. O número corresponde a um aumento de 88,82% em relação ao último estudo, que ocorreu em 2010.

    Para Sonia Guajajara, o sentimento de pertencimento tem relação com o aumento expressivo da população, mas também há dados das próprias comunidades indígenas que indicam esse crescimento. “É um conjunto de fatores”, declarou.

    Outro ponto foi a ampliação do trabalho do IBGE, que contou com o apoio de vários ministérios e instituições para chegar a aldeias de difícil acesso, como helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), combustíveis das Forças Armadas e guias do Ministério dos Povos Indígenas.

    “Não é que aumentou a população indígena necessariamente, é que [eles] eram invisíveis porque o Estado não chegava até eles. Então, como fazer política pública eficiente se você não sabe onde eles estão, o que pensam, o que estão precisando?”, afirmou Simone Tebet.

    Segundo a ministra, foi a primeira vez que o IBGE conseguiu entrar em algumas aldeias dos Yanomami. A Terra Indígena tem a maior quantidade, segundo o levantamento: 27 mil pessoas.

    Veja também: STF lança primeira edição da Constituição em língua indígena

    A maioria da população indígena revelada pelo Censo está na Região Norte (753.357), seguida por Nordeste (528.800), Centro-Oeste (199.912), Sudeste (123.369) e Sul (88.097).

    O Amazonas (490.854) é o estado com a maior população indígena do país, seguido por Bahia (229.103), Mato Grosso do Sul (116.346), Pernambuco (106.634) e Roraima (97.320). Somados, esses cinco estados detêm 61,43%.

    O próprio IBGE lista alguns pontos que podem ser parcialmente responsáveis por variação, relacionada ao alcance maior da pesquisa de 2022 em relação à de 2010. São eles:

    • o aperfeiçoamento do mapeamento de localidades indígenas em todo o país, inclusive nas cidades e em áreas remotas;
    • a inserção de procedimentos operacionais padronizados de abordagem às lideranças indígenas;
    • a utilização de guias institucionais da Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] ou Sesai [Secretaria de Saúde Indígena];
    • a preparação das equipes regionais e locais da Funai e Sesai para o apoio à operação censitária;
    • a incorporação da figura do guia comunitário indígena;
    • o treinamento diferenciado das equipes censitárias;
    • o monitoramento em tempo real da cobertura da coleta censitária e as adaptações metodológicas para facilitar a compreensão do questionário censitário, incluindo a ampliação do quesito “se considera indígena”.

    *com informações de Caio Junqueira