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    Caso “tio Paulo”: delegado diz ter convicção de que mulher percebeu morte de idoso antes de entrar em banco

    Novas imagens mostram que homem já aparentava estar insconsciente no momento da chegada na agência

    Isabelle SalemeCarolina Figueiredoda CNN

    Novas imagens registradas pelas câmeras de segurança do banco onde o idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, teria sido levado morto para a realização de um empréstimo de R$ 17 mil mostram que ele já entrou na agência com a cabeça caída e aparentando inconsciência.

    Por conta dos registros, o delegado Fábio Luiz Souza, titular da 34ª DP (Bangu), “tem convicção” de que Erika de Souza Vieira Nunes, 42, já tinha percebido que o idoso estava morto quando tentou realizar o saque do dinheiro. Erika está presa e deve responder por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio à cadáver, que é o crime de desrespeito aos mortos.

    A polícia acredita que Paulo morreu enquanto Erika, que seria sua parente e cuidadora, andava com ele em um shopping, momentos antes de levá-lo ao banco, que fica próximo ao local. “Saindo do carro e dentro do shopping o pescoço ainda está meio de lado. Depois, dentro do shopping mesmo, fica pra trás e daí só levanta nas vezes que ela segura”, afirma o delegado.

    A sequência de novas imagens mostra que, por volta de 13h40 do dia 16 de abril, Erika passa com o idoso por um calçadão próximo ao banco, localizado no bairro de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. É possível ver, no canto da imagem, que Paulo já está com a cabeça caída para trás.

    Na sequência, a câmera da entrada do banco registra os dois passando pela porta de vidro do estabelecimento, e o idoso aparenta estar inconsciente, com a cabeça totalmente caída para trás. Veja as imagens abaixo.

    Por volta das 14h00, eles passam pela porta giratória da agência bancária, e é possível ver que Erika chega a segurar a cabeça do idoso. Neste momento, ela entra com ele na sala de atendimento onde foi registrado o vídeo que viralizou nas redes sociais na última semana.

    Erika passa cerca de cinco minutos sentada aguardando atendimento com Paulo. Neste tempo, ela segura a cabeça do idoso com a mão em diversos momentos. Quando ela retira a mão para mexer na bolsa, a cabeça dele tomba.

    Em determinado momento, ela leva o tio até o guichê de atendimento e conversa com uma funcionária do banco. Logo depois, ela vai ao banheiro, onde fica por aproximadamente seis minutos, e a funcionária fica segurando a cabeça de Paulo durante este tempo. Na sequência, Erika volta com um copo de água e tenta dar ao idoso, mas ele não se mexe.

    Logo depois disso, Erika tenta fazer Paulo assinar o empréstimo. Após não conseguir, ela volta a se sentar, ainda segurando a cabeça do tio. A mesma funcionária leva os dois a uma sala reservada.

    É possível então ver que Paulo é retirado da cadeira de rodas e recebe massagem cardíaca de uma funcionária do banco. O Serviço de Atendimento Móvel (Samu) chega ao local minutos depois e atesta a morte do idoso.

    O laudo de necrópsia realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) no corpo do idoso não conseguiu concluir se ele morreu antes ou depois de chegar ao banco. O perito responsável afirmou que o óbito pode ter ocorrido entre 11h30 e 14h30, mas que não havia elementos seguros para dizer, do ponto de vista técnico e científico, que a vítima morreu no trajeto para a agência.

    O delegado ainda aguarda resultados de exames complementares. “Acredito que não vá mudar [o rumo das investigações], só se encontrarem substâncias químicas”, explicou Souza.

    Relembre o caso

    Uma mulher, identificada como Érika de Souza Vieira, foi detida na tarde desta terça-feira (16) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro após levar um homem morto em uma cadeira de rodas ao banco para sacar um empréstimo de R$ 17 mil.

    No vídeo, gravado por uma das atendentes do banco, é possível ver o cadáver na cadeira de rodas, com a cabeça sendo sustentada pela mão da suposta sobrinha. Erika chama o idoso de “Tio Paulo”, mas, na verdade, ela é prima do homem.

    Para fazer o empréstimo, Paulo deveria assinar um documento, o que não foi possível já que ele estava morto. Mesmo assim, Erika insiste: “Tio Paulo, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço”.

    Mesmo sem o idoso mover um dedo, a suposta sobrinha continua conversando com o morto, enquanto tenta fazer a mão do cadáver pegar a caneta: “Tipo igual o documento aqui, ó. Paulo Roberto Braga. O senhor segura, o senhor segura forte pra caramba a cadeira aí”.

    Ao ver que estava difícil fazer a mão do tio pegar a caneta, a sobrinha pergunta para as atendentes: “Ele não segurou ali a porta?”. Duas vozes femininas respondem que não viram ele segurar.

    “Segura, tio. Assina para não me dar mais dor de cabeça, ter que ir no cartório. Não aguento mais”, continua Erika.

    Nesse momento, as duas atendentes começam a intervir, “ele não tá bem, não”. É quando uma mosca pousa no nariz do homem. Erika começa a perguntar ao cadáver: “Tá sentindo alguma coisa? Mas ele não diz nada!”. As atendentes repetem que o homem não aparenta estar bem, “a corzinha não tá ficando…”. Erika rebate falando que o tio é assim mesmo.

    A sobrinha finaliza o vídeo perguntando ao tio morto: “Se o senhor não ficar bem, vou te levar para o hospital. Quer ir para UPA de novo?”.