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    Caso Marielle: Seis anos após o crime, mandantes não foram presos e motivação não foi descoberta

    Vereadora e motorista foram mortos em 2018, no centro do Rio; até agora, quatro pessoas foram presas pelo crime

    Carolina Figueiredoda CNN

    Completa seis anos, nesta quinta-feira (14), um crime que chocou o país e causou comoção internacional. Na noite de 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco, do PSOL, e seu motorista Anderson Gomes foram executados a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na região central do Rio.

    O crime ocorreu por volta das 21h, quando Marielle tinha acabado de deixar um evento na “Casa das Pretas”, na Lapa, também no centro. A então assessora de imprensa da vereadora, Fernanda Chaves, também estava no carro, mas sobreviveu ao ataque.

    Cometido contra uma vereadora eleita com mais de 46 mil votos — e que foi a quinta mais votada nas eleições de 2016 no Rio —, o crime causou rápida repercussão em todo o país. O Rio de Janeiro estava, na época, sob intervenção federal, com a segurança pública sendo comandada pelo Exército Brasileiro, exatamente por conta do aumento da violência.

    A forma como foi executada e a dificuldade que as autoridades encontraram para investigar a morte viria a jogar luz sob o submundo do crime carioca. Seis anos após o crime, quatro pessoas foram presas, mas o mandante e as motivações da morte ainda não foram revelados.

    “Seis anos é muito tempo de espera. Cada ano sem justiça representa uma oportunidade perdida de confrontar a impunidade”, afirma a vereadora Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle.

    Para lembrar a memória das vítimas e exigir justiça, o PSOL fará um ato simbólico neste dia 14, a partir das 8h, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia.

    Relembre a investigação

    A investigação sobre as mortes ficou à cargo da Delegacia de Homicídio da Capital (DHC). Ainda em março de 2018, alguns dias após o crime, um grupo de promotores foi designado a pedido da 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal para auxiliar a Polícia Civil na apuração do crime.

    Em setembro do mesmo ano, o acusado de chefiar uma milícia Orlando Curicica, encarcerado no Presídio Federal de Mossoró, foi ouvido pelos investigadores após ser acusado por uma testemunha de envolvimento na morte. Curicica nega participação e menciona o ‘Escritório do Crime’, do qual fazia parte.

    O testemunho do miliciano abre caminho para outras investigações que avançaram sobre o crime organizado no Rio de Janeiro. Em maio deste mesmo ano, além do nome de Orlando, o ex-vereador Marcello Siciliano também é mencionado por uma testemunha, por suposto envolvimento na morte de Marielle.

    Posteriormente, uma investigação da Polícia Federal viria a descartar a participação de Curicica e Siciliano no crime.

    A primeira fase de investigações é encerrada em março de 2018, quando Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são presos e denunciados por homicídio doloso junto ao 4º Tribunal do Júri da Capital. Lessa teria sido o atirador e Queiroz o motorista do carro na emboscada que matou a vereadora e o motorista. Eles devem ir a júri popular pelo crime e seguem presos em um presídio de segurança máxima.

    Em junho de 2020, o sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, mais conhecido como Suel, é preso em uma operação da Polícia Civil. Ele é acusado de ter ajudado a esconder a arma que foi usada no crime. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu, em março de 2024, que ele também seja submetido a julgamento pelo Tribunal de Júri.

    A última prisão do caso ocorreu em fevereiro deste ano, quando a Polícia Federal e o MPRJ prenderam um homem acusado de descartar o veículo usado durante os assassinatos. O homem, dono de um ferro-velho, teria realizado o desmanche do carro. Segundo apurou a CNN, o nome dele é Edilson dos Santos, conhecido como “Orelha”.

    Com isso, quatro pessoas estão presas pelo crime. Porém, o mandante e a motivação ainda não foram revelados pela polícia.

    Em julho do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz, preso desde 2019 suspeito de participação nos assassinatos, firmou uma delação com a Polícia Federal.

    Na delação, Queiroz confirmou participação no crime, apontou o policial reformado Ronnie Lessa como executor e acusou, também, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, como o responsável por fazer ‘campana’ e seguir os passos de Marielle, além de levar o carro usado no crime para um desmanche.

    Queiroz também apontou que o policial militar Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, é quem teria passado a “missão” de matar Marielle para Ronnie Lessa no fim de 2017. Macalé foi assassinado em maio de 2021, em homicídio até hoje não esclarecido.

    Já em janeiro deste ano, foi a vez de Ronnie Lessa firmar um acordo de delação com a PF.

    Lessa entregou à Polícia Federal o nome de duas pessoas supostamente envolvidas no crime. Uma delas é Domingos Brazão, ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Segundo pessoas a par das investigações, Lessa apontou Brazão como mandante. Brazão nega veementemente.

    Outro nome citado foi o de Jomar Duarte Bittencourt Júnior, conhecido como Jomarzinho. Ele teria vazado informações sigilosas sobre a apuração do caso.

    No começo deste ano, o então secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou que o caso será esclarecido e tudo indica que não demorará.

    “O que faltou durante os últimos anos foi vontade política. Em pouco mais de um ano, com a ação técnica e determinada da Polícia Federal, sempre com todo apoio do Ministério da Justiça, o inaceitável assassinato de Marielle e Anderson será esclarecido. E tudo indica que não demorará”, comentou.

    O inquérito, segundo a Polícia Federal, está em fase de avanço nas investigações.

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