Após revelações no caso Marielle, OAB do RJ vai pedir reabertura de investigações arquivadas
Ordem dos Advogados do Brasil está fazendo um levantamento dos casos arquivados pela Polícia Civil do Rio sem conclusão, a fim de pedir novas medidas
Após as denúncias de corrupção na Polícia Civil do Rio de Janeiro, que vieram à tona com as novas revelações do caso Marielle Franco, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio vai pedir a reabertura de outras de investigações que foram arquivados sem conclusão.
“Desde que veio a descoberta dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do envolvimento de delegados da Polícia Civil nesta organização, vários casos arquivadas vieram à tona. Muitos advogados estão procurando a Comissão de Direitos Humanos pedindo apoio para a reabertura desses casos onde existem suspeitas de arquivamentos direcionados, de arquivamentos sem que de fato tenham sido feita a investigação”, explicou o secretário geral da OAB, Álvaro Quintão.
De acordo com Quintão, está sendo feito um levantamento dos casos que poderiam apresentar problemas na apuração. “A Ordem dos Advogados vai requerer oficialmente a reabertura dessas investigações”, disse o secretário.
Segundo ele, esses inquéritos podem, inclusive, não estar limitados ao tempo em que Rivaldo Barbosa ocupava a chefia de Polícia. O delegado foi preso pela Polícia Federal, no último domingo (24), acusado não só de ajudar a planejar a morte da vereadora como também de impedir que as investigações chegassem aos verdadeiros mandantes do crime, os irmãos Brazão.
Além da prisão de Barbosa e de uma busca e apreensão na casa do delegado Giniton Lages, um dos responsáveis por apurar as circunstâncias das mortes de Marielle e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018, o relatório da PF sobre o caso revelou, ainda, um suposto esquema de pagamentos mensais realizado por contraventores para as delegacias do Rio de Janeiro.
Os valores, segundo depoimento do ex-policial militar e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, variavam de acordo com a unidade.
“Não, é uma tabela. Isso é uma tabela. Delegacias como a 22, a 21, a 27, a 38, elas ganham R$40 mil por mês da contravenção. A 35 ganha R$40 mil por mês. Existe uma tabela, tá? A DH, as especializadas, ganham mais, que varia entre R$ 60 e 80 mil por mês. A DH, além do que eles recebem mensal, quando entra um homicídio, por exemplo, deixou uma filmagem, deixou um rastro que eles conseguem direcionar o homicídio para determinado contraventor, eles pagam por fora”, afirmou o miliciano em oitiva anexada ao relatório final da PF sobre o caso Marielle.
“Estamos fazendo um cruzamento dos casos com o período de tempo e com quem estava à frente das investigações. As denúncias não recaem apenas sobre o delegado Rivaldo, por isso estamos fazendo o levantamento. Acredito que na semana que vem teremos isto finalizado e faremos oficialmente o pedido de reabertura dos inquéritos”, concluiu o secretário.