Caso Édson Davi: especialista e polícia acreditam que criança pode nunca ser encontrada
Menino desapareceu há 50 dias e polícia acredita que ele tenha se afogado no mar
Após 50 dias de buscas a Édson Davi de Almeida, o menino de seis anos que sumiu na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, bombeiros e a família ainda procuram pelo garoto. No entanto, investigadores e especialistas ouvidos pela CNN apontam que a criança pode nunca mais ser encontrada.
Davi desapareceu no dia 4 de janeiro e a Polícia Civil, após analisar câmeras de segurança e ouvir testemunhas, acredita que a vítima tenha se afogado, uma vez que não encontrou indícios para confirmar a hipótese de sequestro.
A delegada titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, não tem dúvidas de que não houve rapto. Segundo ela, como estava trabalhando, o pai não conseguiu cuidar de Davi, que ficou solto. Ela admite que, com o afogamento, a criança pode não aparecer.
“Corpo no mar, nem sempre aparece, pois pode ficar preso em pedras ou ser levado para o alto mar. A decomposição de criança no mar é ainda mais rápida”, explicou a delegada.
Um especialista ouvido pela CNN tem a mesma opinião. O diretor da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Francisco Helmer, explica que o contato com o mar acelera a decomposição de corpos.
Segundo ele, na água, os restos mortais primeiro afundam, porque a pessoa engole água, mas logo em seguida começa a decomposição das bactérias, e elas produzem um gás. Esse gás se acumula no corpo, que tende a flutuar por um tempo. Mas depois, ele sofre uma segunda imersão e pode ser que nunca mais flutue.
“Você ainda tem a ação ambiental tanto da fauna aquática que pode movimentar o corpo e das correntes marítimas, sobretudo. O mar agitado pode deslocar um corpo para grandes distâncias. E aí o mar é muito vasto, é uma região muito difícil procurar. Pela sua imensidão começam a ter problemas de logística também. Os bombeiros naturalmente têm recursos limitados para fazer essas buscas. Então, acho pouco provável que o menino seja encontrado após tanto tempo”, explicou o médico e perito.
O Corpo de Bombeiros informou à CNN que estendeu o perímetro de buscas para todo o estado do Rio de Janeiro. “Todas as equipes de guarda-vidas de serviço estão a postos, atentas ao surgimento de novos pontos de interesse ou indícios da vítima. Todos os recursos, como motos-aquáticas, quadriciclos, botes infláveis avançados, mergulhadores, aeronaves, drones e sonares do tipo side scan, seguem à disposição da operação”, disse em nota. No entanto, apesar dos esforços, não houve avanço na procura por Davi.
Angústia da família
Durante todo esse tempo, a família da criança se nega a acreditar que Davi tenha se afogado. Apesar da angústia e depressão pela falta de notícias, a mãe do menino, Marize Araújo, acredita que ele tenha sido sequestrado por alguém enquanto o pai, Édson dos Santos Almeida, trabalhava em uma barraca na praia da Barra.
“Muita saudade do meu filho”, disse Marize, que não conseguiu retornar ao trabalho. No carnaval, no entanto, o pai de Davi precisou voltar a abrir a barraca. “As contas apertaram”, contou a mãe do menino.
“A morte é sempre um choque, mas os familiares, geralmente, passam pelo luto e em algum momento eles viram essa página. Só que o desaparecimento é muito angustiante porque ele não permite que a família vire a página, percebe? Uma vez eu lembro que eu vi um familiar de uma pessoa desaparecida falando que tinha 30 anos que a pessoa desapareceu e toda vez que tocava o telefone ele atendia pensando que podia ser ela. Então olha como que a pessoa carrega essa dor durante muito tempo”, comentou o perito sobre a situação.
Manifestação
No próximo domingo (25), aniversário de sete anos de Davi, a família vai fazer mais uma manifestação na praia da Barra, com o objetivo de cobrar respostas das autoridades sobre o sumiço da criança.