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    Cartórios observam aumento do número de mortes em casa durante pandemia

    Entre 16 de março e 30 de abril, o número de pessoas que morreram em casa subiu 10% em relação ao mesmo período do ano passado

    Coveiros fazem sepultamento no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona norte do Rio de Janeiro, usando roupas especiais
    Coveiros fazem sepultamento no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona norte do Rio de Janeiro, usando roupas especiais Foto: Ale Silva - 6.mai.2020/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Stéfano Salles, da CNN no Rio

    O número de mortes dentro de casa tem aumentado no Brasil neste período de pandemia do novo coronavírus. De 16 de março, data da primeira morte por COVID-19 no país, a 30 de abril, 20,1% dos óbitos ocorreram dentro do domicílio do falecido. Em relação ao mesmo período do ano passado, esse número representa um aumento de 10,4%. Os dados são dos Cartórios de Registro Civil do Brasil e foram divulgados nesta quinta-feira (8). 

    Dentro das mortes em casa, houve aumento de falecimentos por síndrome respiratória aguda grave, insuficiência respiratória, infecção generalizada e causas indeterminadas, além de causas naturais. Por estado, o Amazonas foi o que teve o maior aumento no número de mortes dentro de casa: 149%, seguido por Rio de Janeiro (40,6%), Paraná (21,8%) e Pernambuco (20,3%). São Paulo teve aumento de 14,5%. 

    Embora esses números sejam oficiais, os dados reais podem ser ainda maiores, porque a lei federal 6.015 estabelece um prazo de até 24 horas para o registro do falecimento e que pode ser ampliado para até 15 dias, em alguns casos. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por sua vez, determina que os cartórios devem enviar seus registros à Central Nacional em até oito dias.

    No geral, menos mortes

    O presidente da Associação Brasileira de Empresas e Dirigentes do Setor Funerário (Abredif), Lourival Panhozzi, disse ser equivocada a percepção de que o setor está aquecido por causa das mortes provocadas pelo novo coronavírus. Segundo ele, houve uma redução de quase 3% no número de mortos durante a quarentena na comparação com 2019. 

    “As pessoas em casa adotam hábitos diferentes. Elas estão menos expostas aos riscos que provocam mortes acidentais. No entanto, há também um aumento natural de mortes dentro do domicílio. É normal que mais gente morra em casa passando mais tempo nela, mas há também muitos que passam mal e deixam de procurar socorro, por receio de contrair Covid-19 nos hospitais”, analisa Panhozzi. 

    Segundos dados dos cartórios, em 2019, a média diária de mortes foi de 3.242 pessoas. Até o momento, em 2020, a média diária está em 3.165 — uma queda de 2,38%, até agora.

    De acordo com o presidente da Abredif, há áreas onde os falecimentos estão sendo numerosos, como Amazonas, onde o número de enterros chegou a subir 300%, e São Paulo. Mas, fora delas, o momento é de relativa estabilidade, afirmou.