Câmara de Vereadores do Rio discute impeachment de Crivella na quinta-feira
Parlamentares alegam que prefeito praticou ato de improbidade ao usar funcionários para atrapalhar imprensa na cobertura de problemas na área da saúde
A Câmara de Vereadores do Rio discute na quinta-feira (3) se abre um processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). A presidência da Casa acatou o parecer da Secretaria-Geral da Mesa e decidiu submeter o pedido de afastamento feito pela deputada estadual Renata Souza (Psol), contra o prefeito carioca.
No pedido, os parlamentares alegam que Crivella praticou ato de improbidade administrativa ao usar funcionários públicos para atrapalhar o trabalho da imprensa na cobertura de problemas nas unidades de saúde do município. São necessários 26 votos (de 50 vereadores) para que o processo seja aberto.
Nesta terça-feira, a Polícia Civil cumpriu nove mandados de busca e apreensão contra servidores da prefeitura do Rio de Janeiro suspeitos de integrar suposto esquema de cerceamento ao trabalho da imprensa.
O grupo, formado por funcionários comissionados com salários de até R$ 10 mil, é investigado por dar plantão na porta das unidades de saúde e intervir durante entrevistas com pacientes que denunciavam a falta de atendimento. O caso foi revelado ontem pela TV Globo.
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A Polícia Civil e o Ministério Público apuram se o objetivo do grupo é blindar a administração do prefeito Marcelo Crivella da veiculação de notícias negativas, já que Crivella vai concorrer a mais um mandato.
Pelo menos 10 pessoas são investigadas, entre servidores e funcionários das secretarias de Comunicação, Cultura e Saúde e pessoas da relação pessoal de Crivella. A Polícia Civil instaurou inquérito e tem 30 dias para analisar os documentos, computadores e telefones apreendidos.
Como a investigação se refere a pessoas com prerrogativa de foro, o trabalho ficará sob a responsabilidade da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da instituição. Em nota, o Ministério Público também informou que instaurou “procedimento preparatório criminal para investigar a possível prática de crimes que teriam sido cometidos pelo prefeito Marcelo Crivella pela montagem e manutenção de um serviço ilegal na porta dos hospitais municipais”. O Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional Eleitoral, também pediu apuração se o caso envolve ilícito eleitoral, uma vez que o prefeito do Rio é candidato à reeleção.
Além do pedido de impeachment feito por Renata Souza, os vereadores Tarcísio Motta e Átila Nunes também deram entrada em pedidos pedindo o afastamento de Crivella — os pedidos serão anexados ao da deputada, primeiro a ser protocolado.
Em nota, a Prefeitura do Rio de Janeiro disse que “repudia a chantagem que a TV Globo tenta fazer para que receba dinheiro de publicidade. E lamenta que o Ministério Público tenha recebido essa denúncia”