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    Calma, técnica e responsabilidade: como funciona a negociação pela vida de reféns

    Na semana em que homens da tropa de elite da PM do Rio negociaram a liberação de 16 pessoas sequestradas em um ônibus, Bope faz treinamento aberto à imprensa

    PM mostra como funciona treinamento do Bope para resgate e negociação pela vida de reféns
    PM mostra como funciona treinamento do Bope para resgate e negociação pela vida de reféns Reprodução/Polícia Militar

    Isabelle Salemeda CNN

    Pela segunda vez em uma semana, homens da tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro tiveram que negociar pela vida de reféns, um trabalho que exige calma, técnica e responsabilidade. 

    “A negociação é a “rainha” dentro da ocorrência. A ocorrência se resolve, em 90% dos casos, pela negociação. Ter um negociador preparado é importante. E isso em todos os quesitos: emocionalmente, psicologicamente e na forma como ele conduz o caso”, diz o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), coronel Uirá do Nascimento Ferreira.

    “Não é fácil, é um momento de tensão que precisa de muita calma, técnica e responsabilidade. O caso da rodoviária é um perfil de caso que estamos acostumados a lidar, mas que teve como ponto central de sucesso, o ótimo desempenho do negociador, uma vez que o suspeito não queria fazer contato conosco”, acrescentou o coronel.

    Veja imagens do treinamento do Bope:

    Na última sexta-feira (15), o Bope abriu as portas para mostrar como é o treinamento realizado pela equipe especializada na atuação em ocorrências com reféns, a Companhia de Intervenção Tática.

    O treinamento ocorreu dias depois da negociação com um sequestrador armado que manteve 16 pessoas reféns e feriu duas vítimas em ônibus dentro da rodoviária do Rio na última terça-feira (12). 

    Os policiais mostraram como são realizadas algumas técnicas de abordagens, do negociador ao tomador de refém, no momento da ocorrência. Demonstraram também como são feitas as chamadas passagens frias –os testes realizados pelas equipes antes da entrada real dos policiais para intervir e libertar os reféns.  

    Durante a ação, os PMs simularam a negociação real, na qual o negociador convence o criminoso a se entregar, e a entrada de assalto, com ou sem cão, em que equipe precisa entrar o local onde o criminoso está com o refém. 

    Também foram abordados temas como a utilização dos conhecimentos da psicologia no auxílio com o negociador para traçar o perfil do criminoso de forma técnica e eficaz.

    “Eu tenho acesso e mantenho contato direto com o negociador ajudando a identificar o perfil psicológico do suspeito no momento da ocorrência, entendendo que esse perfil pode ir se modificando durante o caso”, comentou a capitão psicóloga Alexandra Valéria Vicente da Silva, do Bope.

    “O trabalho é feito a partir de informações que chegam das unidades para mim, entrevistas com familiares, reféns resgatados, na percepção de como o suspeito fala, o tom de voz, a expressão corporal. Todos esses fatores interferem no desdobramento de cada caso e eu trato tudo isso, em tempo real, direto com o negociador”, acrescentou.

    Desde 1972, segundo a PM, o Bope realizou 140 ocorrências, salvando mais de 600 pessoas.  

    “Todos os dias as nossas equipes treinam e os treinamentos são de todos os tipos, desde disparo de arma de fogo, reuniões, estudo de casos. Os nossos homens são treinados exclusivamente para essas atividades, ocorrências que envolvam reféns. Exercícios dentro do ônibus, trem, metrô, barcas, pontos turísticos, justamente para saber lidar em todas as alternativas táticas. Nossos negociadores têm, pelo menos, 10 anos de experiência só nesta posição, o que nos traz, com satisfação, o mérito de sermos um batalhão reconhecido nacional e internacionalmente. Só em 2023, três forças armadas de outros países estiveram no Bope para aprender com nossos policiais. Hoje o Bope é uma escola de negociadores e de ações táticas”, finalizou o comandante.