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    Brasil tenta repatriar fóssil de US$ 150 mil traficado para França

    Achados arqueológicos foram enviados irregularmente para o exterior através de esquema envolvendo professor da UFRJ

    Isabelle Resende e Paula Martini, da CNN, no Rio de Janeiro

    Um fóssil de Pterossauro estimado em US$ 150 mil está entre as mais de 40 amostras que foram traficadas da região da Chapada do Araripe, no Ceará, para a Europa. O Ministério Público Federal do Ceará tenta repatriar desde 2018 os achados arqueológicos que foram comercializados ilegalmente pelo grupo criminoso investigado na Operação Santana Raptor, desencadeada nesta quinta-feira (23) pela Polícia Federal.

    A Justiça da França já deu decisão favorável ao Brasil. Mas a dificuldade em trazer de volta os fósseis para o país está no custo da operação, avaliada em R$ 240 mil. A quadrilha, de acordo com a investigação, é formada por servidores públicos, pesquisadores, atravessadores e mineradores. Entre os investigados está um professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O escritório dele dentro do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, no campus da UFRJ, foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão. Um dos presos na operação, que seria um trabalhador de uma pedreira, confirmou em depoimento à Polícia Federal que recebia valores mensais do professor da UFRJ para repassar ilegalmente os fósseis encontrados nas pedreiras. O nome do professor não foi divulgado.

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    De acordo com a PF, o grupo criminoso é investigado desde 2017 e seria responsável por manter um esquema de extração ilegal e comercialização de fósseis ilegal em Santana do Cariri e Nova Olinda, no Ceará. A região é famosa mundialmente por ser geossítio de insetos, pterossauros, peixes e vegetais. Os fósseis desta região são conhecidos em todo o mundo dada a excepcional qualidade de preservação. A cidade de Santana do Cariri, que tem cerca de 18 mil habitantes, abriga um Museu de Paleontologia e uma sede do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chamada Casa da Pedra.

    As investigações apontaram que os servidores e pesquisadores pagavam mensalmente uma quantia aos chamados peixeiros, que são os trabalhadores das pedreiras da Chapada de Araripe. Os fósseis encontrados por eles eram vendidos por R$ 100, R$ 500 e até R$ 10 mil reais, dependendo do valor científico.

    Operação Santana Raptor da PF combate o tráfico de fósseis
    Operação Santana Raptor da PF combate o tráfico de fósseis
    Foto: Divulgação/PF

    O procedimento correto é contatar a Agência Nacional de Mineração para informar que houve um achado fóssil. Os objetos arqueológicos são patrimônio cultural e natural da União. Caso os crimes sejam comprovados, investigados podem responder por organização criminosa, usurpação de bem da União e crimes ambientais.

    Em nota, a UFRJ afirmou que todo pagamento efetuado a operários de pedreiras foi fruto de processo com completo amparo legal para execução de atividades de campo.

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