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    Brasil registra mais de 130 mortes de crianças e adolescentes pela Covid-19

    O Nordeste tem o maior número de mortes de 0 a 19 anos, com 55 casos espalhados por todos os estados da região

    Anne Barbosa e Julyanne Jucá , da CNN, em São Paulo

    O Brasil registrou pelo menos 130 mortes de crianças e adolescentes pela Covid-19 até a última quinta-feira (21), segundo levantamento da CNN com todas as secretarias estaduais de saúde do país. O Nordeste tem o maior número de mortes de 0 a 19 anos, com 55 casos espalhados por todos os estados da região. 

    Apesar dos números, as crianças parecem menos vulneráveis ao novo coronavírus. “Desde o início da pandemia na China, a gente tem percebido que essa doença é muito menos agressiva para as crianças. O que a gente imagina em primeiro lugar é que a criança tem menos receptores, portanto a chance de provocar a infecção é menor”, afirma Marcelo Otsuka, infectologista pediátrico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

    A filha da bancária Ana Paula Perazzo de apenas um ano de idade contraiu o novo coronavírus depois que ela e o marido também foram infectados. A maior preocupação foi não saber qual seria o efeito da doença na pequena Maria Antônia. “Os sintomas que a Maria teve foram leves, uma febre constante de pelo menos três dias a cada seis horas. No quinto dia sumiu e agora que passou tudo isso dá um alívio”, afirma Ana Paula. 

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    No Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, 667 casos foram investigados até o dia 21 de maio — 49 crianças tiveram o diagnóstico confirmado e 13 precisaram ficar internadas. Essa diferença entre os números de suspeitos e confirmados acontece, porque os sintomas da Covid-19 nas crianças se confundem com os de outras infecções respiratórias muito comuns nessa época do ano.

    “A ida ao pronto-socorro deve acontecer quando os pais observarem que a criança está com desconforto respiratório, febre persistente, ofegante ou sonolenta. São sintomas que precisam de uma avaliação presencial”, afirma o supervisor do pronto-socorro do Hospital Sabará Thales Araújo. 

    No maior hospital pediátrico do país, o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), houve uma queda de mais de 70% no número de atendimentos no pronto-socorro. Nos meses de abril, o hospital atendia em média 15 mil crianças. Em abril deste ano, foram somente 2 mil. A rotina foi totalmente adaptada para atender as necessidades das vítimas da pandemia. Foi nesse hospital que foi registrada a primeira morte de criança pela Covid-19 na cidade.

    “Nós separamos um andar inteiro para internação apenas para crianças com síndrome respiratória, elas ficam nesse andar com um grupo específico de enfermeiros e de médicos para garantir seu atendimento”, disse Victor Horácio, vice-diretor do Hospital Pequeno Príncipe. 

    Em números

    Crianças e adolescentes sem comorbidades não fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus, mas estão sujeitas à complicações pela doença, como demonstram os números divulgados pelas secretarias estaduais de saúde. 

    Embora a incidência da Covid-19 seja menor no grupo, crianças e adolescentes, entre 0 e 19 anos, representam 0,64% das 20.047 mortes do país, divulgadas até esta quinta-feira (21). O Nordeste, segunda região mais afetada pela doença, concentra 55 dos 130 óbitos infanto-juvenis e é a única porção do país com o registro em todos os estados.

    Em relação aos casos confirmados da doença, crianças e adolescentes representam pouco mais de 3% do total de casos, o que são, em números, mais de 11 mil diagnósticos positivos. Em São Paulo, a letalidade entre crianças de até 10 anos é de 0,8%, quase oito pontos percentuais a menos do que nos idosos, faixa em que o índice é de 8,5%.

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