Avião que caiu: piloto tem segundos para tomar decisão sobre gelo severo, diz especialista
Comandante Laerte Gouvêa explica possíveis causas que podem ter levado ao acidente que deixou 61 pessoas mortas em Vinhedo (SP)
Quando há problemas que envolvem a formação severa de gelo em aeronaves — uma das causas especuladas para a queda do voo 2283 em Vinhedo (SP) — pilotos têm segundos para decidir, afirma o comandante Laerte Gouvêa, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Segurança Aeronáutica.
Em entrevista ao programa WW desta sexta-feira (9), Gouvêa comentou sobre as possíveis causas que levaram ao acidente que matou todas as 62 pessoas a bordo.
“Quando é uma formação de gelo severa, a gente está falando em segundos. Porque ele começa a formar devagarinho, você acha que vai dar tempo de pedir a troca de nível. De repente, isso começa a acumular numa velocidade muito alta”, explica.
“Em segundos você já está perdendo rendimento e, mais alguns segundos, você já está estolando e se vê numa situação como ele se viu ali, num stall”.
O movimento de queda do avião também foi analisado pelo especialista. Segundo imagens, a aeronave perdeu sustentação em formato de “parafuso chato”, ou seja, com o bico em paralelo ao horizonte.
Segundo o comandante, a forma de se livrar da situação é abaixar o nariz do avião para formar um “parafuso normal”.
“Isso é estranho a natureza do piloto. Um piloto que não está acostumado a fazer acrobacia, dificilmente sai de uma manobra dessa”, diz.
O acidente deixou 62 pessoas mortas – sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. Inicialmente, a Voepass informou que 62 pessoas estavam a bordo. Posteriormente, passou a divulgar a lista com 61 ocupantes. Neste sábado (10), a companhia voltou a informar que 62 pessoas morreram na queda do avião em Vinhedo (SP).
De acordo com o portal FlightRadar24, o avião decolou às 11h56 e caiu às 13h22. Conforme monitoramento do voo feito pelo site, a aeronave perdeu o equivalente a 5 quilômetros de altitude em menos de 2 minutos.
O acidente ocorreu a cerca de 70 quilômetros – em linha reta – do aeroporto de Guarulhos.
Por meio de nota, a Voepass afirmou que “não há ainda confirmação de como ocorreu o acidente”.