Relatório apontou 26 pontos de riscos de incêndio no Hospital de Bonsucesso
Avarias foram detectadas ao longo dos últimos dez anos, e agravados pelo início de uma obra de reforma contratada no ano de 2010
Um relatório técnico, produzido em abril de 2019, já apontava 26 pontos de risco de incêndio, e até explosão, na estrutura do Hospital Federal de Bonsucesso. O documento foi feito pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e usado pela Defensoria Pública da União para notificar a direção do Hospital.
Na visita técnica, foram feitas imagens que mostram os problemas nas instalações da subestação de energia elétrica e nos geradores do Hospital Federal de Bonsucesso. De acordo com o documento, essas avarias foram detectadas ao longo dos últimos dez anos, e agravados pelo início de uma obra de reforma contratada no ano de 2010.
Nos registros feitos pela equipe, composta por engenheiros, é possível identificar cabos elétricos a mostra, superaquecimento no quadro de energia e no transformador.
Outro fator apontado no parecer do Proadi-SUS, é a deficiência da unidade hospitalar na prevenção e combate a incêndio. O documento relata que o sistema de combate de incêndio é precário e não existe um plano de prevenção aprovado pelo corpo de Bombeiros. Os técnicos também informam que não há sistema de detecção de fumaça, e que o prédio não possui licença dos Bombeiros.
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No parecer, os técnicos elucidam que “foram inúmeros os relatórios técnicos elaborados, mencionando o risco existente e a necessidade de contratação de um projeto para diagnosticar as ações necessárias, quantificar serviços e custos de forma isenta e transparente e planejar as intervenções para contratação da nova obra de reforma e modernização das instalações e equipamentos.” Entretanto, ainda de acordo com os profissionais, até a data de publicação do relatório, nenhum projeto de revitalização foi levado adiante por nenhuma das gestões que passou pelo Hospital Federal de Bonsucesso, mesmo que todas tenham sido informadas dos riscos existentes.
As principais considerações do relatório são:
– O sistema de prevenção e combate a incêndio é precário e não existe plano de prevenção e combate a incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros ou licença.
– Não existe sistema de detecção de fumaça e sprinklers.
– Hidrantes estão em situação insatisfatória, alguns desativados, assim como as mangueiras.
– Não existem elevadores à prova de fogo.
– No sistema de ar-condicionado do prédio, o sistema elétrico é aparente e pode ocasionar acidentes.
– Transformador da subestação principal: registra superaquecimento 148,6°C, com alto risco de explosão, de morte para os operadores e inoperância total do sistema elétrico.
Além dos riscos de incêndios e explosão, a avaliação aponta para o risco de acidente com os próprios funcionários e pacientes do hospital, devido a exposição e insegurança das áreas elétricas. Um curto-circuito poderia, por exemplo, pôr em risco a vida de pacientes que dependem de equipamentos de manutenção de vida ligados à rede elétrica, ou que estejam passando por procedimentos que demandem iluminação e equipamentos também ligados a esta rede.
O Hospital Federal de Bonsucesso é o maior hospital da rede pública do Estado do Rio em volume de atendimentos mensais, com 15 mil consultas ambulatoriais, 1.300 internações, 1.200 atendimentos de emergência, 120 mil exames laboratoriais e 5 mil exames de imagem. Tem mais de 5 mil funcionários.
O complexo hospitalar tem seis edifícios: central, maternidade, oncologia/ortopedia/nefro, administrativo, bioquímica e farmácia.