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    Atlas da Violência detecta quase 4,5 mil “homicídios ocultos” por ano entre 2011 e 2021

    Casos foram detectados com uso de machine learning, a partir da análise de quase 3,4 milhões de mortes violentas ocorridas no Brasil entre 1996 e 2021

    Arma de fogo. Imagem ilustrativa
    Arma de fogo. Imagem ilustrativa Steve Prezant/Getty Images

    Iuri Pittada CNN

    A cada dez assassinatos oficialmente registrados no Brasil, outro homicídio em potencial deixou de ser identificado pelas autoridades públicas, conforme aponta o Altas da Violência 2023, divulgado nesta terça-feira (5).

    Definidos pelo pesquisador Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), como “homicídios ocultos”, esses casos foram detectados com uma abordagem apoiada por machine learning, a partir da análise de quase 3,4 milhões de mortes violentas ocorridas no Brasil entre 1996 e 2021.

    Só em 2021, dado mais recente do estudo, 5.152 casos oficialmente registrados como Morte Violenta por Causa Indeterminada (MVCI) poderiam ser enquadrados como homicídios.

    De 2011 até 2021, foram 49.413 o total de assassinatos que teriam condições de ter a intencionalidade estabelecida – ou seja, uma pessoa ter perdido a vida provocada por outras pessoas.

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    “Em média, o número de homicídios ocultos ao ano foi de 4.492. Este índice corresponde à média anual de homicídios que ocorre no estado de São Paulo, ou à queda sem sobreviventes de 150 Boeings 787 lotados, em tragédias totalmente invisibilizadas”, apontam os autores do estudo.

    Cerqueira e demais pesquisadores do Atlas fazem, a partir dessa descoberta, um novo cálculo de homicídios projetados, somando os casos oficiais aos subestimados na base de dados do Ministério da Saúde.

    “No período analisado, o acumulado de homicídios projetados totalizou 665.508 casos, ante os 616.095 óbitos oficialmente registrados”, afirma o estudo.

    O problema dos homicídios ocultos, conforme o Atlas, se agravou a partir de 2018. O estudo também identificou uma maior concentração nos estados mais populosos, com São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais sendo responsáveis por 72,5% dos casos detectados.

    A identificação desses homicídios ocultos e o recálculo das taxas pelas 27 unidades federativas teria poucas, mas significativas mudanças no ranking dos estados mais e menos violentos do país.

    Amapá e Bahia continuariam com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, mas o Amazonas seria superado por Roraima na terceira colocação.

    Na outra ponta, em 2021 Santa Catarina assumiria o posto que tem sido ocupado por São Paulo como o estado de menor taxa de homicídios – ambos, porém acima dos 10 casos por 100 mil habitantes, acima do recomendado pelos padrões internacionais.