Ataque a tiros no RJ é resultado de não enfrentamento contra milícias e tráfico, diz sociólogo
Para pesquisador da Universidade Federal Fluminense, assassinato de médicos é reflexo das políticas de segurança no estado
O ataque a tiros que matou três médicos e deixou um ferido na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada de quinta-feira (5), acendeu o alerta para o problema de segurança pública no estado. Mais de 30 tiros foram disparados.
Para o sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF), o episódio é reflexo das políticas de segurança no estado.
“Não há um enfrentamento efetivo dos grupos armados no Rio de Janeiro, nem das milícias, nem das facções de tráfico de drogas. Há anos existe um conflito instaurado e ele se intensificou”, explica o sociólogo.
Uma das linhas de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro apura a hipótese de que os criminosos teriam confundido uma das vítimas com um miliciano rival.
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De acordo com Hirata, estes conflitos com possíveis vítimas por engano são um perigo não apenas para quem está envolvido em atividades ilegais, mas para toda a comunidade carioca.
“Isso acaba atingindo mesmo aquelas pessoas que, normalmente, estão mais protegidas desses conflitos. É necessário encontrar medidas que priorizem a atuação para aquelas pessoas que são mais atingidas pela violência. Consequentemente, as ações trariam um impacto mais positivo para o conjunto da sociedade do Rio de Janeiro.”
Antes do ataque a tiros, o Ministério da Justiça e Segurança Pública havia anunciado o envio da Força Nacional para a capital fluminense. A medida, no entanto, foi adiada após questionamentos do Ministério Público Federal (MPF). A expectativa era de que agentes, viaturas e blindados chegassem ao Rio no próximo sábado (7).
“A crise de segurança deve ser combatida pela cooperação entre forças federais e estaduais, tendo em vista o histórico brasileiro. Há elementos que são positivos, como o compartilhamento da inteligência da Polícia Federal e das polícias estaduais. A atuação na distribuição de informações pode ser um caminho, desde que leve em consideração erros do passado que não devem ser repetidos”, destaca Hirata.
*Sob supervisão de Jorge Fernando Rodrigues