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    Após retirada de afegãos, mais de 120 novos refugiados vivem em aeroporto de SP

    No dia 16 de setembro, uma operação humanitária foi realizada para que as 98 pessoas que estavam instaladas no local fossem encaminhadas para um centro de acolhida na Zona Leste da capital

    Anne Barbosada CNN

    em São Paulo

    Sem alternativas e de forma improvisada, mais de 120 refugiados afegãos estão vivendo no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Nos últimos meses, o volume de imigrantes que chega ao país tem sido maior do que a capacidade de atendimento, por isso o local virou uma espécie de acampamento para os novos grupos.

    Nesta terça-feira (11), a reportagem da CNN conversou com alguns deles, que preferem não se identificar com medo de que os parentes que ficaram no país sofram algum tipo de represália. São idosos, mulheres, jovens e famílias inteiras que precisaram deixar tudo para trás e agora aguardam um local de acolhida.

    Uma mulher de 27 anos que era gerente em um órgão do governo no Afeganistão contou que decidiu vir para o Brasil com as duas irmãs e os sobrinhos depois que o pai e o cunhado foram mortos pelo Talibã. Elas estão há 10 dias no aeroporto.

    “É claro que essa situação não é boa para ninguém, principalmente para dormir e comida. É difícil, mas pedimos aos brasileiros para nos ajudar a começar a viver no nosso segundo país”, conta.

    Outro afegão de 30 anos que chegou sozinho há dois dias contou que ficou surpreso com a situação no aeroporto.

    “O visto nos ajuda, mas agora estamos buscando por uma situação melhor, um abrigo. Precisamos dos nossos documentos para recomeçar”, disse.

    A CNN acompanha a situação dos afegãos desde o mês passado. No dia 16 de setembro, uma operação humanitária foi realizada pelo Ministério Público Federal (MPF) e diversas outras instituições para que os 98 afegãos que estavam vivendo no local fossem encaminhados para um centro de acolhida na zona leste da capital paulista.

    Todos têm o visto humanitário, um documento de acolhida concedido pelo governo federal. A portaria foi publicada no ano passado, um mês depois que as tropas americanas encerraram 20 anos de intervenção militar no Afeganistão e o grupo extremista Talibã voltou ao poder. Com isso, milhares de pessoas precisaram fugir do país.

    De acordo com a Prefeitura de Guarulhos, as vagas para acolhimento são gerenciadas pelo governo estadual, só que os espaços disponibilizados já atingiram a capacidade máxima.

    As vagas de acolhimento são rotativas e o tempo de permanência varia. As pessoas podem permanecer nos equipamentos por tempo indeterminado até comprovarem condições de moradia autônoma.

    Nos últimos meses, Guarulhos abriu de forma emergencial dois espaços com 47 vagas, mas eles também estão lotados. No início do mês, o governo federal assinou uma portaria de cofinanciamento de mais 100 vagas para a cidade e, segundo a prefeitura, assim que a verba for disponibilizada, um plano de ação será colocado em prática.

    Já a Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de São Paulo informou que, neste ano, 116 afegãos foram acolhidos na Casa de Passagem Terra Nova. Nesta terça-feira (11), segundo eles, mais sete afegãos foram acolhidos pelo Estado. Até dezembro, a pasta informou que vai investir R$ 2,8 milhões para criar 50 novas vagas de acolhimento.

    Também nesta terça, o Ministério Público Federal (MPF) cobrou explicações do governo federal sobre eventuais ações que estejam em curso.