Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Após ação no Jacarezinho, Paes critica restrição às operações policiais pelo STF

    O prefeito do Rio classificou as restrições como 'radicalismo' e disse que as discussões sobre segurança pública têm sido pautadas pelos extremos

    Marcela Monteiro e Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

     

    O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), criticou nesta sexta-feira (6), pela primeira vez, a operação policial que deixou na véspera 25 mortos no Jacarezinho, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro. Para o prefeito, a ação foi fruto de um radicalismo que domina as discussões sobre segurança pública no país.

    Em coletiva à imprensa, ele criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu as operações realizadas em comunidades durante a pandemia, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635. 

    Para o prefeito, os números da operação policial mais letal do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Gini/UFF), não podem ser admitidos. 

    “A gente não pode achar que é normal, em qualquer lugar minimamente civilizado, que 25 pessoas morram. Tenho convicção que isso é fruto de políticas de segurança equivocadas. É um pouco desse radicalismo de visões. De um lado, a população que, em determinado momento, elege um sujeito que fala que dar um tiro na cabecinha dos outros é algo absolutamente normal. De outro, você tem decisões como as da Suprema Corte do país, que diz que o estado não pode mais fazer valer a lei nesse território, como se isso fosse normal”, criticou. 

    Sem citar o STF, Paes fez um apelo para que a reação da corte à operação não seja radical, resultando na liberação indiscriminada da atividade policial.

    “Se a reação for tão radical quanto a operação de ontem, um ‘ah, então libera geral esse território aqui para fazerem o que quiserem’, então nós vamos viver esse pêndulo terrível que vitimiza principalmente as pessoas que moram em comunidades. Um dia você tem o estado entrando de forma muito violenta e, no outro dia, os delinquentes entrando de forma muito violenta também. Ou seja, uma violência diária”, afirmou. 

    Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes
    Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes (06.mai.2021)
    Foto: Reprodução / CNN

    O prefeito do Rio defendeu que a operação desta quinta-feira (6) e seus desdobramentos representam, neste momento, uma oportunidade para que o estado faça uma intervenção permanente na comunidade de cerca de 40 mil habitantes. Para Paes, a localidade é estratégica para a política de segurança porque fica em frente à Cidade da Polícia. 

    “Que se danem os radicais que defendem bandidos, que se danem os radicais que defendem que as forças do estado possam sair por aí matando. Nós precisamos é do estado democrático de direito. É um bom gesto, e vou conversar hoje com o governador Cláudio Castro, vamos reestabelecer o monopólio da força do estado no Jacarezinho”, concluiu.

    Prefeito do Rio Eduardo Paes
    O prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM)
    Foto: DIKRAN JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO