Após ação no Jacarezinho, Paes critica restrição às operações policiais pelo STF
O prefeito do Rio classificou as restrições como 'radicalismo' e disse que as discussões sobre segurança pública têm sido pautadas pelos extremos
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), criticou nesta sexta-feira (6), pela primeira vez, a operação policial que deixou na véspera 25 mortos no Jacarezinho, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro. Para o prefeito, a ação foi fruto de um radicalismo que domina as discussões sobre segurança pública no país.
Em coletiva à imprensa, ele criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu as operações realizadas em comunidades durante a pandemia, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635.
Para o prefeito, os números da operação policial mais letal do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Gini/UFF), não podem ser admitidos.
“A gente não pode achar que é normal, em qualquer lugar minimamente civilizado, que 25 pessoas morram. Tenho convicção que isso é fruto de políticas de segurança equivocadas. É um pouco desse radicalismo de visões. De um lado, a população que, em determinado momento, elege um sujeito que fala que dar um tiro na cabecinha dos outros é algo absolutamente normal. De outro, você tem decisões como as da Suprema Corte do país, que diz que o estado não pode mais fazer valer a lei nesse território, como se isso fosse normal”, criticou.
Sem citar o STF, Paes fez um apelo para que a reação da corte à operação não seja radical, resultando na liberação indiscriminada da atividade policial.
“Se a reação for tão radical quanto a operação de ontem, um ‘ah, então libera geral esse território aqui para fazerem o que quiserem’, então nós vamos viver esse pêndulo terrível que vitimiza principalmente as pessoas que moram em comunidades. Um dia você tem o estado entrando de forma muito violenta e, no outro dia, os delinquentes entrando de forma muito violenta também. Ou seja, uma violência diária”, afirmou.
![Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes Operação da Polícia Civil no Jacarezinho resultou em 25 mortes](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/2021/06/36333_0C3669B632C27235-4.jpeg)
O prefeito do Rio defendeu que a operação desta quinta-feira (6) e seus desdobramentos representam, neste momento, uma oportunidade para que o estado faça uma intervenção permanente na comunidade de cerca de 40 mil habitantes. Para Paes, a localidade é estratégica para a política de segurança porque fica em frente à Cidade da Polícia.
“Que se danem os radicais que defendem bandidos, que se danem os radicais que defendem que as forças do estado possam sair por aí matando. Nós precisamos é do estado democrático de direito. É um bom gesto, e vou conversar hoje com o governador Cláudio Castro, vamos reestabelecer o monopólio da força do estado no Jacarezinho”, concluiu.
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