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    Apesar de recorde de candidatos negros, população ainda é sub-representada

    Segundo Maurício Pestana, jornalista e CEO da Revista Raça, apenas 20% do parlamento é ocupado por negros e nenhuma capital do país é dirigida por um negro

    Da CNN, em São Paulo

     

    A pauta que discute o racismo ganhou força no mundo inteiro, neste ano, em consequência do movimento Black Lives Matters nos Estados Unidos, que liderou manifestações contra a morte de George Floyd, homem negro asfixiado até a morte por um policial branco em Minneapolis no mês de março.

    Para além do resultado das eleições norte-americanas, o efeito político parece reverberar em outros países, inclusive no Brasil.

    Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleições municipais de 2020 terão o maior número de candidatos negros desde 2014.

    Para Maurício Pestana, jornalista e CEO da Revista Raça, há dois fatores que explicam esse dado. O primeiro, diz respeito à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que as verbas do fundo partidário fossem distribuídas de forma equilibrada entre candidaturas de pessoas negras e brancas.

    Para o ministro Ricardo Lewandowski, a nova regra não vai trazer prejuízos para os partidos. Ele disse que a medida contribui para a construção de “uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social, livre de quaisquer formas de discriminação”.

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    Outro fator é justamente o movimento nascido nos Estados Unidos, que ressoou também no mundo todo.

    “O racismo institucional é tema no mundo inteiro atualmente e no Brasil não é diferente. A questão está sendo mais discutida e chegou às eleições. Porém, ainda temos problemas de sub-representação negra no Brasil: apenas 20% do parlamento é ocupado por negros e nenhuma capital do país é dirigida por um negro”, lembra Pestana.

    Assista à entrevista acima.

    negros racismo
     
    Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

    Número de candidatos negros supera o de brancos

    Juntos, pretos e pardos são considerados negros, de acordo com a classificação utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e representam 49,94% das candidaturas, totalizando 276.091 registros.  

    Um levantamento feito com dados do TSE disponibilizados em outubro mostra que, do total de candidatos com registros validados pela Justiça Eleitoral, 218.071 (39,45%) se declararam pardos e 58.017, pretos (10,49%).

    Esta é primeira vez, desde o início da coleta de informações de etnia, em 2014, que os candidatos brancos não representam a maioria dos concorrentes às vagas eletivas. 

    Segundo o TSE, os candidatos brancos correspondem a 48% (265.353) no pleito de 2020.

    Os dados são variáveis, já que dependem da validação das candidaturas pelos juízes eleitorais e podem mudar mesmo depois das eleições.

    Ao todo, 552.840 candidaturas foram registradas pelo tribunal. Nas eleições municipais de 2016, 52,4% dos candidatos eram brancos e 47,8%, negros.

    Mulheres negras em desvantagem

    Apesar da mudança no panorama racial dos candidatos, as mulheres permanecem em larga desvantagem. Do total de candidatos negros, 186.881 são homens e 89.210 são mulheres.

    De acordo com dados divulgados pelo Movimento Mulheres Negras, em 2016, o número de eleitas, tanto para vereadoras quanto para prefeitas, não chegou a 5%.

    A principal faixa etária dos candidatos está entre 40 e 49 anos. O partido com maior número de negros é o PSD, com 19.590 candidatos, seguido pelo PP, com 17.735, e pelo PT, com 17.692 registros. 

    (Edição: Sinara Peixoto)

     

     

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