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    Anomalia magnética no Brasil segue crescendo, diz relatório do governo americano

    A irregularidade afeta desde danos potenciais aos satélites devido à radiação excessiva, até a obstrução da propagação das ondas de rádio

    Felipe Souzada CNN* , São Paulo

    Uma anomalia magnética no Oceano Atlântico Sul, em uma faixa territorial que abrange o sul e o sudeste do Brasil, está crescendo, segundo dados do mais recente relatório publicado neste ano pelo governo dos Estados Unidos.

    A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), acompanhada por diversas agências governamentais internacionais que compõem o World Magnetic Model (WMM), está em um local no Atlântico Sul em que a chamada magnetosfera, que circunda o nosso planeta, é mais fraca.

    “A anomalia está se aprofundando e se movendo para o Oeste e aumentou cerca de 5% nesse período. Esse contorno se aproxima da região onde é mais provável que ocorram danos por radiação nos satélites”, afirmaram os autores no relatório.

    Os dados do levantamento foram comparados com os coletados em 2019 pela Agência Espacial Europeia (ESA) e seus satélites Swarm concluíram que os modelos atuais ainda são precisos.

    As informações coletadas ainda detalharam que a anomalia pode ocasionar diversos impactos, que vão desde de danos potenciais aos satélites devido à radiação excessiva, até a obstrução da propagação das ondas de rádio.

    Devido ao crescimento da AMAS em relação à proximidade com a América do Sul, houve defasagem da proteção magnética da Terra localizada nesta região, mais especificamente no Sul e Sudeste do Brasil, até a faixa que se estende à África.

    A magnetosfera repele a energia indesejada que é prejudicial à vida na Terra, mantendo a maior parte dela a uma distância segura da superfície da Terra em zonas gêmeas em forma de rosca chamadas de cinturões de Van Allen.

    Interesse das Agências

    A AMAS é monitorada por agências espaciais como a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), e mais recentemente pelo Brasil, que lançou ao espaço o nanossatélite NanosatC-BR2com esta missão.

    ”As agências espaciais têm interesse na anomalia, porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar adentram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela região é muito mais intenso”, explicou o doutor em Física, pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira.

    Uma consequência que já compreendemos é na atuação dos satélites que estão na órbita da Terra. Ao passarem pela região com baixa na retaguarda de proteção, eles podem apresentar avarias causadas pelo fluxo de radiação cósmica.

    “Isso faz com que os satélites quando passam por essa região, eles tenham que, por vezes, ficar em stand by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar.”, completou a análise.

    Além do NanosatC-BR2, lançado ao espaço em uma parceria com a agência espacial da Rússia, no Brasil há, também, dois observatórios magnéticos, Vassouras, no Rio de Janeiro, e Tatuoca, na região amazônica,  com foco em responder às principais perguntas sobre esta anomalia.

    “Na vida cotidiana a gente é tão dependente da tecnologia, qualquer tipo de apagão no sistema elétrico, de qualquer país, gera prejuízo de milhões ou até bilhões de dólares. É algo muito importante para nossa vida tecnológica hoje em dia.”, afirmou o pesquisador.

    (*Sob supervisão)

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