Alunos voltam às escolas particulares do Rio depois de seis meses
Pelo menos 80% das 2.400 escolas privadas do Rio de Janeiro devem retomar as aulas presenciais nesta segunda-feira (5)
Depois de mais de seis meses sem ver os colegas, o retorno às aulas foi sem abraços. Do lado de fora de uma escola tradicional, no Centro do Rio de Janeiro, marcações no chão indicavam o distanciamento na fila para entrada. Os alunos, ainda no portão, tinham a temperatura medida. Um tapete higienizava os sapatos enquanto os estudantes eram orientados a passar álcool em gel nas mãos.
O protocolo de retomada foi elaborado por um especialista que prestou consultoria pra a instituição. Outras diversas escolas particulares fizeram o mesmo, para garantir a segurança. No entanto, o retorno dos alunos será gradual e facultativo: as aulas virtuais continuam. Só voltam às salas, neste momento, os estudantes cujos pais se sentem confiantes com o protocolo sanitário…
Leia também:
PGR é contra a volta às aulas na rede privada de ensino no Rio
Volta às aulas em escolas particulares do Rio não contemplará todas as séries
Prefeitura recorre de decisão que suspendeu volta às aulas no Rio
Alunos voltam às escolas particulares do Rio depois de seis meses
Foto: Divulgação / Pixabay
Pelo menos 80% das 2.400 escolas privadas do Rio de Janeiro devem retomar as aulas presenciais nesta segunda-feira (5), segundo balanço do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe). Já os professores, no último sábado (3), decidiram manter a “greve em defesa da vida” e não retornar às atividades presenciais. É a sexta vez em três meses que os docentes da rede particular aprovam a manutenção da greve.
Agora, a decisão vem logo após o Tribunal de Justiça autorizar o retorno do ensino presencial nas unidades privadas, para todos os segmentos escolares. O Sindicato dos Professores do Município e Região (Sinpro-Rio), que representa 35 mil profissionais, argumenta que as condições sanitárias ainda não são seguras e colocam em risco a vida dos professores, alunos e familiares.
Sociedade de Pediatria defende reabertura
A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro soltou uma nota, na última sexta-feira (2), em que defende a abertura das escolas, especialmente das públicas. Segundo o texto, é preciso assegurar que o “dano já feito pela Covid-19 […] seja minimizado e não perpetuado”.
A nota, assinada pela presidente Katia Telles Nogueira, descreve que o coronavírus infecta crianças com menos frequência, de forma mais branda e que ainda há controvérsia sobre a intensidade de transmissão delas para outras pessoas. A Soperj acredita que a interrupção escolar prolongada causa problemas cognitivos e atrasa a aprendizagem, especialmente das crianças mais pobres.
Desequilíbrio financeiro
Se por um lado tem a questão do prejuízo no aprendizado, por outro a pandemia afetou também as finanças dos colégios. Além de enfrentar a perda de matrículas, os estabelecimentos registram inadimplência de 37%.
Um levantamento do Sindicato das Escolas Particulares aponta que, pelo menos, 300 escolas vão fechar as portas definitivamente até o mês de dezembro. A maior parte delas é de pequeno porte, com até 400 alunos, que não conseguiu se manter diante da queda de receitas. Além disso, da lista dos estabelecimentos que já informaram que vão decretar a falência, 80% são creches e escolas do ensino infantil.
Rede pública estadual
A Secretaria Estadual de Educação publicou no Diário Oficial da última sexta-feira (2) o protocolo sanitário com medidas a serem tomadas pelas unidades escolares para o retorno seguro das atividades presenciais na rede pública de ensino. As escolas deverão adequar salas de aula e refeitórios para promover o distanciamento social e disponibilizar equipamento de proteção individual (EPIs) para funcionários, além de máscaras para servidores e alunos. Todas as escolas estão recebendo um reforço nos recursos para a compra dos materiais, além de dispensers para álcool em gel 70% e tapetes higienizadores.
O retorno das aulas presenciais, ainda sem data estabelecida, será apenas para turmas de 3ª série do Ensino Médio Regular e da Fase IV de Educação de Jovens e Adultos (EJA). As demais séries terão acesso a outros materiais diversificados de estudos e somente voltarão às atividades presenciais em 2021.