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    Alunos de 20 escolas privadas de SP pedem adiamento do Enem

    Uma das principais razões destacadas no documento é que durante o isolamento social, as desigualdades entre escolas públicas e particulares se agravaram

    Bruna Gavioli , da CNN, em São Paulo

    Alunos das principais escolas privadas de São Paulo organizaram um manifesto pedindo o adiamento do Enem. Os alunos consideram inadequada a data anunciada pelo Ministério da Educação e a insistência na manutenção do calendário anterior à pandemia de Covid-19. Uma das principais razões destacadas no documento é que durante o isolamento social, as desigualdades entre escolas públicas e particulares se agravaram por conta do ensino à distância.

    “Pedimos uma ação imediata dos agentes públicos e da sociedade civil para buscar uma alternativa em conjunto com a rede de Ensino Básico e Superior de forma a que não se aprofundem as desigualdades já existentes no país. O Enem, apesar de já ser uma prova com desigualdades causadas pelo sistema de ensino precarizado, tem aberto portas para os principais processos de ingresso nas universidades (SiSu, ProUni e Fies); seu modelo de exame – unificado e aplicado em toda a nação – garante maior acesso ao Ensino Superior para jovens de baixa renda”.

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    O texto destaca ainda que “mesmo em escolas privadas capazes de investir em infraestrutura para essa nova forma de ensino remoto, os alunos e professores não têm preparo para esse modelo e se deparam com inúmeros desafios. Quanto às escolas públicas, vemos uma realidade de alunos e professores desatendidos, sem suporte para dar continuidade ao ensino nesse novo formato.”

    Julia Singer, 17 anos,  estudante do Colégio Santa Cruz, revelou que a inciativa da ação surgiu pelo incômodo causado pela propaganda do governo federal e falas do ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Eu e o Renan, presidente do grêmio da Escola Vera Cruz, estávamos inconformados com as falas do Ministro da Educação sobre o Enem, com a propaganda feita pelo MEC e com o total descaso do Ministério com os alunos da escola pública, além de indignados com a manutenção do calendário pré-pandemia. A carta surgiu como uma resposta à decisão do Ministério e como um apelo à sociedade civil e à classe política”.

    Através do “boca a boca” em redes sociais, a iniciativa acabou atingindo alunos de escolas públicas e privadas conquistando assinaturas e alunos interessados na causa. “Queríamos fazer uma carta democrática, onde todos pudessem opinar, em menos de seis dias. Precisávamos lançá-la no dia 15 para coincidir com os movimentos da UNE pedindo o adiamento da prova. Foi muito complicado e estressante coordenar um grupo tão grande  em tão pouco tempo”.

    Durante o processo, entre as dificuldade encontradas pelos estudantes em todo o país estão: falta de acesso à internet ou até mesmo, de boa qualidade de conexão; comprovante de carteirinha ou matrícula, já eu muitos estudantes não tinham o que mandar e nem como mandar, pois a entrega desses documentos pela rede pública, que já era difícil, ficou caótica com a pandemia e muito estudantes não tinham CPF.

    O projeto foi crescendo e organizações sociais se interesaram pela causa, entre elas, o projeto Ipê. “A Bancada da Educação, que é uma iniciativa cívica de acompanhamento de legislaturas e lançamentos de novas candidaturas que tenham como foco a educação, eu já tinha contatos prévios e ajudava em alguns projetos com o professor Miguel Thompson. No caso do Curso Ipê de Educação Popular, uma colega era voluntária lá e nos colocou em contato com o presidente. Ele, por sua vez, nos ajudou a chegar no Mapa Educação, que foi um grande parceiro na divulgação da carta. Já o Movimento de Inovação na Educação e o Comunidade Educativa CEDAC são parte de um grupo de entidades que nós procuramos ativamente em busca de apoio”.

    O Enem é uma porta de entrada para estudantes de escolas públicas e privadas nas universidades, principalmente as federais, através do ProUni, Fies e SiSu. Mesmo com todas as críticas, o exame é um importante instrumento de universalização de acesso ao Ensino Superior. Para os estudantes, o objetivo da iniciativa é “mostrar para os brasileiros e relembrar as autoridades que, quando se fala em estudantes brasileiros, não falamos naqueles jovens que aparecem na campanha do MEC com computadores de 10 mil reais e celulares de última linha.

    A fala do Ministro Weintraub sobre o Enem não ser feito “para consertar injustiças” é errada, cínica e anti-republicana. A própria Constituição Federal diz no artigo 206 que “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e “VI. gestão democrática do ensino público, na forma da lei e VII. garantia de padrão de qualidade.”

    Quem tiver interesse e quiser participar, no site cursoipe.com/adiaenem está a íntegra da  carta com uma lista atualizada de assinaturas. No formulário, instituições, pessoas jurídicas e figuras públicas podem endossar a campanha. No caso de pessoas físicas, elas podem se inscrever no link da campanha.

    O documento, que teve a adesão de escolas do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Maranhão e Espírito Santo, públicas e privadas, será enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele já foi encaminhado à Câmara dos Deputados e ao Senado, e também para autoridades federais e estaduais de ensino.

    Escolas participantes:

    Assentamento João Batista
    Bancada da Educação
    CAp-COLUNI/UFV
    Captar Grêmio do Colégio de Aplicação da UFPE
    CEEP – Em gestão Severino Vieira
    Ceep Severino Vieira
    Colégio Bandeirantes
    Colégio Costa Aguiar
    Colégio Dante Alighieri
    Colégio e Curso Pensi Teresópolis RJ
    Colégio Equipe
    Colégio Leonardo da Vinci Alfa
    Colégio Losango de Raul Soares
    Colégio Magno
    Colégio Presbiteriano Mackenzie
    Colégio Santa Dorotéia
    Coletivo de Alunos do Terceiro Ano do Colégio São Paulo Teresópolis
    Colégio Único Teresópolis
    Colégio Visconde de Porto Seguro
    Coletivo de alunos do Colégio Pentágono
    Conselho Jovem da Associação Vaga Lume
    CUCA (Cursinho Unificado do Campus de Araraquara) – BES
    Cursinho Geração NEAR
    Cursinho Popular Clarice Lispector
    Cursinho Popular Construção
    Cursinho Popular da FFLCH
    Cursinho Popular da Unesp – S.E.U
    Cursinho Popular Florescer
    Cursinho Popular Valdemar Gomes (PUC-SP)
    Curso Ipê de Educação Popular
    Curso Leopoldina
    Curso Tereza de Benguela
    Escola Alecrim
    Escola Estadual Doutor Paulo Diniz Assis
    Escola Estadual Regina Pacis
    Escola Lourenço Castanho
    Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha)
    Escola Waldorf Rudolf Steiner
    Etec Albert Einstein
    Grêmio de Construção Coletiva Vera Cruz
    Grêmio do Colégio Santa Cruz
    Grêmio Estudantil Antonio Roberto Fernandes
    Grêmio Estudantil Denilson Vasconcelos, Gestão Avante, Instituto Federal de Ciência e
    Tecnologia da Bahia – Campus Salvador
    Grêmio Estudantil Matheus Soares CEFET/RJ- Uned Nova Iguaçu
    Grêmio Gaia colégio ítaca
    Grêmio Glória Martini – Escola Mobile
    Grêmio LinEAR – Escola de Aplicação do Recife (UPE/FCAP)
    Grêmio Pão de Milho Colégio Equipe
    Grêmio Protagonismo Jovem
    IFMG Campus Ibirité – Grêmio UEF
    IFMG Campus Piumhi
    Instituto Práxis de Educação e Cultura
    Movimento Popular da Juventude do Maranhão – MPJM
    Sesi Luiz Latorre
    Severino Vieira
    U.E.B José Ribamar Ribeiro
    Uema
    Unesp Dracena
    Apoio:
    Bancada da Educação
    Curso Ipê de Educação Popular
    Mapa Educação
    Movimento de Inovação na Educação
    CEDAC