Alfabetização no trabalho: conheça o projeto “Escola Nota 10”
Trabalhadores são alfabetizados em projeto de construtora que já dura 12 anos
O Brasil tem 9,3 milhões de analfabetos, sendo que a maioria dessa população está na idade adulta. Os dados correspondem ao ano de 2023 tendo sido publicados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante o mês de março deste ano.
Visando diminuir o número de analfabetos do Brasil, a construtora MRV criou, há 12 anos, dentro dos canteiros de obra, o projeto “Escola Nota 10”, que consiste em fornecer toda infraestrutura para que os empregados da empresa tenham aulas e sejam alfabetizados em ambiente interativo, durante o horário de trabalho
Desde o início da operação, o “Escola Nota 10” já capacitou e alfabetizou mais de 4.800 trabalhadores tendo sido voltado para funcionários da construtora. O projeto já se espalhou por canteiros de obras em mais de 160 cidades do Brasil, instruindo pessoas que passaram a ter uma nova oportunidade de vida.
A auxiliar de limpeza do grupo MRV, Sueli de Castro Oliveira, de 55 anos, é uma das alunas do projeto. Ela conta que tem aulas de empreendedorismo e informática e que as aulas deram uma nova oportunidade para o futuro.
“Muda muito a vida. Casei cedo e não pude terminar os estudos. Com as aulas, terei mais conhecimento. Pelo que eu já aprendi e pelo que planejo aprender ainda”, explica.
Os objetivos do projeto
José Luiz Esteves, Gestor Executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV & CO e um dos coordenadores do projeto explica que desde quando começou, o “Escola Nota 10” recebeu aperfeiçoamentos e está em expansão.
“Até o ano passado, a gente estava com 22 turmas no Brasil todo. Hoje a gente tá em andamento com 17 escolas nota 10, mas temos mais 11 unidades programadas para iniciar. Ou seja, é um projeto que evolui”, diz.
Esteves também destaca que o projeto evoluiu ao longo dos anos e que implantar os estudos durante a jornada de trabalho foi o fruto de um estudo que visava diminuir a evasão dos funcionários que se dedicam ao aprendizado.
“Já havíamos observado, ao longo do tempo, que para evitar a evasão do processo o ideal era fazer essas escolas para o trabalhador estudar durante o horário de trabalho. Então eles escolhem ali um horário melhor se é na parte da manhã ou na parte da tarde e trabalhamos em torno de uma hora e meia durante três dias da semana para que ele se qualifique”, explica
A aluna Sueli concorda que trabalhar durante a jornada facilita a vida do trabalhador que tem outras responsabilidades fora do horário de trabalho. “Sou sozinha com um filho de 17 anos. Então tem que cuidar da casa, tem que fazer compra, tem que fazer um monte de coisa e ajuda você poder fazer isso no horário do trabalho”, diz.
Meta é zerar analfabetismo
Dentro da proposta de qualificação do profissional, Esteves também destaca que a empresa tem como meta zerar o analfabetismo e que ao longo dos anos viu que a taxa de analfabetos da empresa diminuir.
“É uma meta da empresa zerar o analfabetismo dentro da nossa área de construção até 2030. Então esse é um objetivo nosso, junto ao pacto global que somos assinantes”, explica.
Sobre as perspectivas que MRV tem com o projeto e os impactos que o “Escola Nota 10” causam na vida dos funcionários, Esteves destaca as metas que a empresa tem e as oportunidades oferecidas aos trabalhadores.
“O grupo entende a necessidade do nosso trabalhador de ter essa oportunidade. Então buscamos muito isso com o apoio da alta direção da MRV. Poderia dizer que é bom para todo mundo. Para a sociedade e para a gente que terá um trabalhador mais qualificado. Além disso, o trabalhador também tem aquele reconhecimento da oportunidade”, finaliza.
O professor Allan Cassoli, que dá aula para uma turma de trabalhadores em Campinas, conversou com a CNN e falou sobre a parceria com a Alicerce Educação, empresa responsável pela metodologia e padronização das salas espalhadas pelo país.
“Por meio dessas plataformas que usamos essa interatividade, nós criamos aulas voltadas para cada aluno em cada nível. Também montamos grupos e mantemos o ensino personalizado para cada um”, explica.
Cassoli está há um ano no projeto e também falou sobre os avanços dos alunos e sobre o sentimento em ver pessoas que mal sabiam ler, conseguindo mexer em aplicativos de celular, já que os estudos também abrangem conhecimentos em informática.
“Temos avanços maravilhosos. Existem casos de funcionários que começaram sem letramento e hoje já nem acessam um aplicativo. Pessoas que chegaram a falar ‘não sei nem como abrir aplicativo do banco” e hoje têm uma Independência’”, finaliza.