Alessandro Molon e Sergio Souza debatem agronegócio e preservação ambiental
No Dia Mundial do Meio Ambiente, Molon defendeu agricultura com tecnologia e Souza disse que produtor rural ajuda na preservação; os dois falaram de Salles
No Dia Mundial do Meio Ambiente, lembrado nesta sexta-feira (5), os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ) – membro da Frente Parlamentar Ambientalista – e Sergio Souza (MDB-PR), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deram suas opiniões à CNN sobre a equilíbrio entre agronegócio e preservação ambiental.
Molon disse considerar que trata-se de um falso dilema, já que a agricultura só é possível se existirem recursos naturais. “Não existe agricultura sem água, sem irrigação e chuvas, então se a gente destrói o meio ambiente, isso significa que quem será prejudicada mais na frente é a própria agricultura”, afirmou ele.
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O deputado do PSB ainda defendeu que o desmatamento não é necessário para o avanço da agricultura no país, mas investir em tecnologia. “Nós não precisamos desmatar mais um hectare de terra no Brasil para aumentar a produtividade brasileira. É com a tecnologia e a agricultura do século 21, juntando os avanços científicos e os saberes tradicionais, que a gente pode continuar fazendo da nossa agricultura um orgulho para o mundo. A gente só vai ter agricultura se o meio ambiente for protegido e se houver uma relação saudável. A luta em defesa meio ambiente não é contra a agricultura, mas contra o agricultor ilegal”, acrescentou.
Sergio Souza defendeu que, de fato, “não pode haver competição entre produção de alimentos e preservação do meio ambiente”. “Nós defendemos a produção de alimentos para os brasileiros e para todos aqueles que moram neste planeta. Também somos contra desmatamento ilegal, queimadas ilegais, ocupação de terras públicas e indígenas, tanto que queremos regulamentar e colocar critérios mais rígidos para essas situações”, assegurou.
O deputado do MDB avaliou que “há muito folclore” sobre uma responsabilização do produtor rural nas questões de poluição ambiental e acrescentou que “a vocação do Brasil é o agro”, mas que apenas 7% do território nacional é utilizado pela agricultura e 22% são usados na pecuária. “E os outros 70%? São cidades e florestas. Temos 66% do território coberto por floresta nativa. Nenhum país tem isso. O produtor tem que preservar, sim, mas precisamos deixar claro que ele preserva o meio ambiente”.
Ricardo Salles
Os deputados também foram questionados sobre a declaração do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, durante a reunião ministerial, defendeu que o momento da pandemia da Covid-19 – que já matou mais de 34 mil pessoas no Brasil – seria o ideal para “ir passando a boiada e simplificando normas”. À CNN, o ministro afirmou, na quinta-feira (4), que foi mal interpretado e que sua fala foi distorcida.
Para Molon, não houve interpretação equivocada e Salles é “pior ministro do Meio Ambiente da história do Brasil”. “Ele é o antiministro do Meio Ambiente. Ele não foi mal interpretado. Foram as palavras dele. O Brasil inteiro ouviu que ele queria desregulamentar toda a proteção ambiental. É gravíssimo”.
O deputado do PSB ainda informou que está dando entrada, nesta sexta, em novos pedidos de impeachment contra Salles. “Ele está destruindo a proteção ambiental do Brasil. Ele não é ruim, é péssimo, é o pior. Ele usa a inteligência dele para o mal e age dia e noite para enfraquecer a proteção ambiental no Brasil”, acrescentou.
Souza avaliou que algumas ações promovidas por Salles podem ser consideradas abusivas, mas que a maioria é necessária. “O governo, através do ministro Ricardo Salles, tem promovido algumas alterações. Algumas podem ser desnecessárias até, e talvez abusivas, mas a grande maioria delas é necessária, porque, hoje, nesse país, se não tiver iam lei bem escrita nós vamos ter interpretações diversas”, defendeu.
Por fim, ele voltou ao tema principal e pediu o fim da criminalização do setor agropecuário. “Nós também combatemos o desmatamento ilegal. Não concordamos com isso e, inclusive, somos signatários de leis nesse sentido”, garantiu.