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    Sandálias feitas a partir de bolsas Hermès Birkin podem custar R$ 412 mil

    Um coletivo de arte dos Estados Unidos rasgou quatro bolsas Hermès Birkin para criar o que pode ser a sandália mais cara do mundo

    Sandálias 'Birkinstocks' são feitas pelo coletivo MSCHF
    Sandálias 'Birkinstocks' são feitas pelo coletivo MSCHF Foto: MSCHF/Reprodução

    Leah Dolan, da CNN

    Um coletivo de arte dos Estados Unidos rasgou quatro bolsas Hermès Birkin para criar o que pode ser a sandália mais cara do mundo. 

    O par das chamadas “Birkinstocks”, que não têm associação oficial com a marca de calçados alemã Birkenstock, custa entre US$ 34 mil e US$ 76 mil (R$ 185 mil e R$ 412 mil, aproximadamente).

    O grupo MSCHF, baseado no Brooklyn, que ganhou as manchetes no passado por uma série de projetos de arte irreverentes, gastou US$ 122,5 mil (cerca de R$ 665,2 mil) em bolsas Birkin novas – o item de luxo que ficou famoso pela cantora e atriz britânica Jane Birkin – para usá-las como matéria-prima para o projeto. 

    O valor não inclui o custo da sola de cortiça-látex das sandálias, fivela banhada a ouro feita sob medida e a produção do sapato em si – a qual foi desafiadora, já que os primeiros sapateiros contatados pelo MSCHF se recusaram a participar. 

    Essa relutância pode ser um indicador do status cult da bolsa – uma Birkin com diamante encrustado, por exemplo, quebrou duas vezes o recorde de bolsa mais cara já vendida em um leilão. A primeira, em 2016, por mais de US$ 300 mil (aproximadamente R$ 1,62 milhão) e novamente em 2017, por quase US$ 400 mil (cerca de R$ 2,16 milhões). 

    “Apenas o ato de cortar uma bolsa Birkin assustou as pessoas”, disse em entrevista por telefone o diretor criativo da MSCHF, Lukas Bentel. “Uma bolsa Birkin é como um objeto de arte. É tão sagrada que você não pode danificá-la.”

    O grupo MSCHF ficou fascinado com esse medo, que vai além do respeito pela moda e entra na economia. “As bolsas Birkin têm um retorno anual médio de investimento de 14%”, diz um anúncio publicado no site do projeto, “batendo consistentemente o S&P 500” – um índice usado para calibrar o valor das ações americanas de grande capitalização. 

    “É também algo em que você pode realmente se beneficiar do aumento do rendimento, você não deve fazer nada com sua bolsa Birkin, você deve deixá-la em seu apartamento (e) em seu armário”, disse Bentel. 

    Mas agregar valor aos itens de maneiras que contrariam a intuição é uma especialidade do MSCHF, que vendeu três réplicas de 1,83 metro, pintadas à mão, de contas médicas americanas para uma galeria de Nova York por US$ 73.360 (o equivalente a R$ 398 mil) em outubro passado. O dinheiro foi usado para quitar despesas médicas de três participantes. 

    E eles não são novatos na “destruição” – especialmente quando se trata de usar objetos caros como material para suas obras. Em maio de 2020, o grupo comprou uma pintura impressa de Damien Hirst por US$ 30 mil (cerca de R$ 163 mil), a cortou em pedaços, vendeu as peças individualmente e lucrou com isso. 

    Birkinstocks
    Modelos são feitos a partir de bolsas Birkin
    Foto: MSCHF/Reprodução

    O burburinho sobre a Birkin

    O coletivo de arte decidiu imitar o modelo de colaboração high-low, um formato que tem varrido o mundo da moda nos últimos anos. 

    “As pessoas que você vê usando Birkenstocks não são as mesmas pessoas que você presumiria que possuam bolsas Birkin”, disse Lukas Bentel, “e isso é apenas juntar essas duas pontas do espectro”. 

    Apesar da maioria dos itens de luxo prometer algum retorno sobre o investimento, a bolsa Birkin era parte integrante da visão do MSCHF. “É o objeto mais singular”, disse Kevin Wiesner, “uma bolsa Gucci significa qualquer bolsa que a Gucci fabrica. Um bolsa Birkin é sempre uma bolsa Birkin”. 

    As bolsas Hermès Birkin têm desfrutado de um aumento constante em popularidade desde a sua criação em 1984. Primeiramente exibida nos braços de celebridades como Kate Moss e Victoria Beckham (que supostamente tem 100 versões da bolsa icônica, num custo de cerca de US$ 2 milhões no total – o que equivale a aproximadamente R$ 10,8 milhões), a bolsa Birkin agora é a favorita de muitos rappers dos Estados Unidos.

    Artistas como Saweetie, Cardi B, Drake, City Girls e Meek Hill já deixaram claro sua afeição pelo acessório em postagens no Instagram e em letras de música – cortando a fila da lista de espera e trazendo o símbolo de luxo para um novo grupo social.

    Existem menos de 10 sandálias Birkin disponíveis para compra. O cantor e compositor de R&B Kehlani e o rapper Future estão entre os primeiros a comprar um par do calçado antes do lançamento oficial na segunda-feira (8), de acordo com o MSCHF.

    A assimilação das bolsas Birkin na cultura hip-hop foi importante para o MSCHF, que acredita que seja essa multiplicidade que as torna objetos culturais tão atraentes. 

    “Cardi B comprou uma bolsa Birkin e de repente ela virou tendência no Twitter, e você fica tipo, por quê?”, disse Bentel. “Mas o símbolo da bolsa é tão poderoso culturalmente, que é o bloco de construção perfeito para criar algo ainda mais louco”. 

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