Os anos 1920 eram surpreendentemente modernos, diz figurinista de “Babilônia” à CNN
Mary Zophres falou sobre sua pesquisa para o longa; filme chega às plataformas digitas no dia 15 de março
Quando se pensa na moda feminina dos anos 1920, vestidos abaixo do joelho, acessórios de pérolas e chapéus estilo cloche imediatamente vêm à mente.
Apesar de se passar nesse período, o mais recente filme de Damien Chazelle, conhecido pelos trabalhos em “Whiplash” e “La La Land”, “Babilônia” aposta em figurinos mais ousados e modernos.
O longa chega às plataformas digitais para aluguel ou compra no dia 15 de março.
Em entrevista à CNN, a figurinista Mary Zophres de “Babilônia”, que concorre ao Oscar 2023, contou que durante sua pesquisa ela descobriu uma nova face dessa década.
Ela explicou que Damien não queria que parecesse um típico filme sobre os anos 1920 e que era para evitar qualquer coisa já tivesse sido visto antes. Segundo ela, o diretor queria enfatizar uma espécie de lado obscuro de Hollywood, que foi todo baseado em pesquisa.
“Começamos a ver fotos, pinturas, cartazes de filmes e o desafio era encontrar coisas daquela época que não parecem com o que se imagina, que foi majoritariamente formado por Hollywood. Não pretendia ser moderna, mas as imagens que achamos eram surpreendentemente modernas, embora fossem de 1920, e fomos capazes de incorporá-los ao visual do filme”, explicou.
Parte da pesquisa de Mary foi por meio de filmes de época, mesmo querendo fugir dos padrões da indústria cinematografia.
A figurinista revelou que a sua maior inspiração foi o longa “Intolerância”, de 1916, mas também citou “La Dolce Vita” (1960) e “Chinatown” (1976), além de ter visto diversos filmes em preto e branco.
“Assisti várias vezes [‘Intolerância’], porque, considero o design de produção um dos maiores valores dos filmes mudos. Há algo realmente diferente e bonito nos figurinos e cenografias dos filmes mudos”, disse.
Mary também falou sobre o processo de criação do primeiro figurino usado por Nelly, interpretada por Margot Robbie.
“Em uma foto tem esse cachecol enrolado no pescoço usado como blusa, e é isso, mal cobre o seio. Assim que vi pensei que seria ótimo para Nelly e acabou sendo a parte superior de seu look de abertura”, contou.
“Ela precisava de muita liberdade, ia estar cercada por 300 pessoas, então a parte de baixo tinha que se coberta, por isso resolvi fazer uma espécie de calda. Ela precisava de movimento. Um animal citado como inspiração para aquela cena era um polvo, portanto, adicionamos um tecido que desse a sensação de um tentáculo”, explicou.
A figurinista ainda revelou que para a roupa ganhar ainda mais destaque eles “manipularam a cena” para que não houvesse ninguém com aquela cor de vermelho.
O vestido é feito com uma peça de tecido realmente dos anos 1920, contou Mary: “Mal tínhamos o suficiente para montar o figurino”.
Mary concorre pela quarta vez ao Oscar. Uma delas também foi pelo seu trabalho ao lado de Damien Chazelle, em “La La Land”. Ela atribui sua indicação ao trabalho “brilhante” do cineasta.
“Ele é muito articulado, compartilha lindamente com seus chefes de departamento, é um verdadeiro colaborador, conhece seu filme por dentro e por fora e responde a perguntas e é preciso. Ele é a razão pela qual tenho uma indicação ao Oscar”, disse.
Por fim, ela disse que quer que o telespectador tenha o mesmo apreço que ela pelo que foi criado.
“Ele [Damien] escreveu um belo roteiro, completamente original, e a maneira como me senti depois que li foi como se estivesse nesse passeio mágico e queria que quando o público visse filme tivesse a mesma sensação que eu depois de ler o roteiro pela primeira vez”.