Millennials e Geração Z têm dado um toque especial em seus casamentos
Algumas tendências em 2023 já sugerem que os casais jovens estão mais à vontade em romper com as convenções
A geração Millennials e a geração Z estão redefinindo as tendências de estilo de vida – desde a forma como nos vestimos, vivemos, trabalhamos e socializamos até a forma como celebramos os momentos da vida. Isso inclui casamentos.
Formalidades como grandes festas de casamento com damas de honra e padrinhos divididos por gênero, pessoas que se casam em igrejas, até mesmo práticas que pareciam novas “tradições” há apenas alguns anos, como hashtags de casamento, já não são obrigatórias.
À medida que os membros mais velhos da Geração Z atingem a idade de casar, por volta dos 20 anos, eles estão cada vez mais dando seu próprio toque às núpcias, o que inclui abandonar algumas tradições antiquadas.
The Knot, um importante mercado de planejamento de casamentos e fornecedores de casamentos, entrevistou mais de 9.000 casais nos EUA que se uniram em matrimônio no ano passado ou estão planejando fazê-lo em 2024, para compreender as abordagens em evolução que os casais estão adotando no planejamento de casamentos.
“Uma das grandes coisas que está acontecendo agora depois de 2022, que foi um ano muito agitado para casamentos depois do maior botão de pausa já pressionado para a indústria em 2020 e 2021, é que estamos vendo os primeiros grupos da Geração Z começarem a casar”, disse Tim Chi, CEO da The Knot Worldwide, em entrevista à CNN para discutir as descobertas do mais recente estudo anual de casamentos reais da The Knot.
Algumas tendências em 2023 já sugerem que os casais jovens estão mais à vontade em romper com as convenções.
Entre as tendências de casamento no ano passado que diminuíram em popularidade em comparação com o período pré-pandemia estavam a divisão dos membros da festa de casamento por gênero (queda de 7% em relação a 2018), trajes de festa de casamento combinando (queda de 20% em relação a 2018), cerimônias realizadas em instituições religiosas tradicionais ( queda de 5% em relação a 2018) e uso de hashtags de casamento (queda de 30% em relação a 2018), de acordo com o relatório do The Knot.
Mas os casamentos também ainda estão sujeitos aos caprichos efêmeros da cultura pop.
Quando se tratava da importante dança da primeira música, “Perfect” de Ed Sheeran reinou no primeiro lugar nos últimos anos. Mas no ano passado, “Can’t Help Falling In Love” de Elvis Presley destronou “Perfect”.
“Lembre-se de que todos aqueles filmes sobre a vida de Elvis foram lançados no último ano e, portanto, este é um exemplo de como os eventos atuais da cultura pop realmente influenciam a forma como as pessoas estão incorporando referências modernas ou contemporâneas em seus casamentos”, disse Chi.
Mais casais no ano passado também adotaram a comunicação sem papel em seus casamentos, incluindo códigos QR para “salvar a data” e convite para capturar confirmações de presença e/ou visualizar sites de casamento (um aumento de 18% em relação a 2022), à medida que os casais da Geração Z mostram uma dependência mais pronunciada da tecnologia durante o processo de planejamento do casamento.
E desculpe, crianças. As recepções sem crianças foram mais populares em 2023 (um aumento de 8% em relação a 2018).
Em termos do custo total do casamento, os casais disseram que gastaram uma média de US$ 35.000 (aproximadamente R$173.929) em sua cerimônia e recepção em 2023, acima da média de US$ 30.000 (em torno de R$ 149 mil) do ano anterior, de acordo com o The Knot.
Ao mesmo tempo, cerca de metade dos casais inquiridos afirmaram ter feito ajustes no seu casamento devido ao aumento dos custos (como simplificar a decoração e eliminar presentes e favores).
A média de convidados foi de 115 pessoas, também equivalente a 2022.
“A geração Millennial e a Geração Z estão sendo muito criativas ao tornar essas celebrações próprias de maneiras novas e interessantes”, disse Chi. “As pessoas estão redefinindo a tradição e isso é muito legal.”
Tendência D-I-Y: Faça você mesmo
Caitlin e Dylan Spain, ambos com 20 e poucos anos, se casaram em maio do ano passado em uma igreja em Sea Isle City, Nova Jersey e em um resort histórico à beira-mar de dois séculos de existência com uma vibração vitoriana vintage.
“Queríamos um lugar que fosse único e especial para nós, que fosse Cape May”, disse Caitlin. “Dylan cresceu indo para lá durante o verão e minha família tinha uma casa no litoral que datava de gerações atrás em Sea Isle City, a 20 a 25 minutos de Cape May.”
Dylan disse que eles não queriam que seu casamento fosse moderno, mas atemporal.
“O Congress Hall em Cape May foi construído em 1700. Conhecíamos pessoas que fizeram o casamento no curral e achamos que isso poderia ter sido uma moda passageira”, disse Dylan. “Queríamos permanecer atemporais e oferecer uma homenagem às nossas raízes.”
O casal manteve a decoração e as flores simples e deixou o local ser o ponto de conversa.
“Houve muitos momentos em que poderíamos ter complicado as coisas, acrescentado atividades ou custos”, disse Caitlin, que se recusou a divulgar os custos totais do casamento. “Mas no final das contas, queríamos que o foco fosse um lindo casamento e o início deste novo capítulo de nossas vidas.”
O casal teve 135 convidados, com preferência por não ter filhos e rompeu com alguns elementos esperados do casamento.
“Há muita emoção e agitação desde a entrada da festa nupcial até chegar a esse momento culminante da entrada dos noivos. Depois disso, muitas vezes você perde o ímpeto e começa a fazer discursos”, disse ele.
Em vez disso, o casal fez com que todos os convidados participassem de uma festa dançante na entrada.
Enquanto planejavam o orçamento do casamento, Dylan disse que o local era a maior despesa. “Quando analisamos os custos das flores, estes aumentaram tanto por causa da inflação que utilizamos flores pós-Páscoa para a Igreja. Acontece que eles estavam lá, o que foi um benefício”, disse ele. Velas em vez de flores nas mesas acrescentaram elegância e também ajudaram a controlar custos, disse Dylan.
Caitlin também não usou uma organizadora de casamentos. “Adotamos a mentalidade do tipo “faça você mesmo” da nossa geração”, disse Dylan. Isso incluía uma “mesa de recordação” para pessoas próximas que haviam falecido.
“Eu trabalhava em tempo integral, então tornou-se um trabalho de meio período, mas sou muito organizada”, disse Caitlin. “Depois que tive a visão do visual atemporal e me inspirei no Pinterest, o resto foi me lembrar de não fazer muito.”
Um ato de amor e resistência
Quando Edwin Torres-DeSantiago e Ricardo DeSantiago-Torres, que se casaram em agosto do ano passado, planejavam o casamento, eles imaginaram um casamento simples, elegante e significativo.
“Obviamente somos ambos homens, então o que é tradicional neste espaço?” perguntou Edwin. “Queríamos fazer nossas próprias tradições com nossas próprias famílias.”
Isso significava encontrar maneiras de misturar as duas culturas.
“Sou da América Central e a família do Ricardo é meio branca, meio mexicana. Então, como faremos isso sabendo que este será um casamento não tradicional? ele disse. “E nós dois também estamos politicamente envolvidos.”
O casal, na casa dos 30 anos, foi casado por um ex-líder da minoria no Senado de Minnesota e recebeu a bênção do vice-governador de Minnesota, disse Edwin. “Sabíamos que o nosso casamento era em grande parte um ato de amor, mas também um ato de resistência num mundo polarizado.”
Para o local, eles escolheram as ruínas de uma antiga empresa de manufatura com sede em Minnesota há mais de 150 anos. O Mill City Museum em Minneapolis (um marco histórico nacional) era um antigo moinho de farinha.
“As ruínas por fora e a restauração moderna por dentro realmente falaram conosco, o contraste entre o antigo e o novo”, disse ele.
Com um orçamento de pouco mais de US$ 30 mil (aproximadamente R$ 149 mil) e uma contagem de 110 convidados, eles selecionaram cuidadosamente os fornecedores que poderiam permanecer dentro dele. “Tínhamos 11 fornecedores e queríamos estar muito conscientes sobre para onde estava indo o dinheiro”, disse Edwin.
Todos os vendedores, disseram eles, eram BIPOC, mulheres ou homossexuais. “Cada pequeno detalhe foi pensado para trazer um propósito a esta união”, disse ele.
Em termos de abandono das tradições, Edwin disse que os seus votos mostraram o mesmo. “Terminamos nossos votos com uma citação de Harry Potter dentre todas as coisas”, disse ele.
“Muito millennial”, disse Ricardo.
