Lia Bock: ‘Querides alunes’ – o terceiro gênero e a polêmica linguagem inclusiva
No programa de hoje, ela lembrou que há certos pontos na linguagem que reiteram opressões históricas
No Manual do Mundo Moderno desta quinta-feira (12), na CNN Rádio, Lia Bock falou sobre linguagem inclusiva. Um colégio franco-brasileiro começou a adotar o terceiro gênero no vocabulário da escola – usando, por exemplo, “querides alunes” em vez de “queridos alunos” – e soltou uma carta comunicando a mudança, o que gerou certa polêmica.
“Apesar de ativistas e pessoas engajadas substituírem o ‘A’ e o ‘O’ pelo ‘E’, ‘X’ ou ‘@’, isso não significa que a linguagem é mais inclusiva”, disse Lia, acrescentando que “muitas vezes isso simplifica” a ideia. “O objetivo é incluir e não ofender.”
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Ela lembrou que há certos pontos na linguagem que reiteram opressões históricas. Como exemplo, Lia citou a regra da língua portuguesa que determina que se houver 20 mulheres e apenas 1 homem, a frase vai para o masculino.
Em uma participação especial no programa, o editor-executivo da CNN e doutor em Linguística Rodrigo Maia explicou que, quando se fala de língua e de uso, acaba-se privilegiando aquilo que os usuários fazem.
“Não adianta haver imposição”, disse ele, ressaltando que se a maioria das pessoas não se adaptar, não aplicar e não aderir, uma mudança do tipo não acontece. “São os usos que fundam a norma e não a norma que obriga o uso”, destacou Maia, lembrando que isso acontece com o português e diversas outras línguas.
Lia disse que é preciso ter cuidado com essas mudanças, pois a simples troca do “A” e “O” pelo “E” pode ser apenas simbólica. “Se [a mudança] não vier acompanhada de toda uma ação, de toda uma forma de reestruturar a fala, ela é meramente populista.”
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