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    Dior é acusada de “apropriar-se culturalmente” de saia chinesa centenária

    Manifestantes fizeram protesto em frente à loja da marca na Avenue des Champs-Élysées, em Paris

    Oscar Holland

    A Dior está enfrentando acusações de apropriação cultural depois que usuários chineses – e manifestantes do lado de fora de uma das lojas da marca em Paris – alegaram nas mídias sociais que uma saia de US$ 3.800 (cerca de R$ 19 mil) foi inspirada em uma roupa tradicional centenária.

    A saia plissada de lã e mohair atraiu comparações com um item de vestuário chinês histórico conhecido como “mamianqun”, ou “saia de cara de cavalo”, apesar de ser descrito pela casa de moda francesa como uma “silhueta da marca Dior”.

    A controvérsia começou no início deste mês, com internautas chineses e meios de comunicação estatais acusando a marca de não reconhecer a suposta inspiração por trás de seu design.

    Um editorial recente no porta-voz oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, disse que a Dior havia “desvergonhadamente” deturpado a saia como uma criação original, descrevendo a indignação da mídia social como “completamente compreensível”.

    A indignação tomou conta das ruas de Paris no último sábado, quando um pequeno grupo de manifestantes se reuniu do lado de fora de uma das butiques da marca na Avenue des Champs-Élysées.

    Imagens e vídeos compartilhados on-line mostram manifestantes segurando cartazes, escritos em uma mistura de francês e inglês, com mensagens como “Dior, pare a apropriação cultural” e “Este é um vestido tradicional chinês”.

    A Dior não respondeu ao pedido de comentário da CNN.

    Segundo o tabloide nacionalista “Global Times”, o protesto foi organizado por estudantes chineses de Paris, aos quais se juntaram manifestantes de outras cidades francesas, além de alguns da Espanha e da Itália. Alguns dos participantes pareciam estar vestindo uma forma de roupa chinesa histórica conhecida como “Hanfu”.

    Vários manifestantes contrários também chegaram ao local segurando cartazes referenciando os supostos abusos dos direitos humanos da China em Xinjiang.

    O produto tirado do site da Dior, onde o item não está mais disponível para venda/ Dior

    As saias de cara de cavalo datam da dinastia Song, que começou há mais de 1.000 anos, embora tenham sido popularizadas entre as mulheres durante as últimas dinastias Ming e Qing. O design apresenta laterais plissadas e aberturas na frente e atrás, tornando as peças adequadas para passeios a cavalo.

    As saias são frequentemente usadas por membros da crescente subcultura “Hanfu” da China, juntamente com outras roupas que se assemelham às roupas tradicionalmente usadas pelos chineses de maioria étnica Han antes da dinastia Qing.

    A saia da Dior faz parte de sua coleção Outono 2022, que a grife descreveu como uma “exploração fascinante do passado, presente e futuro”. O item não está mais disponível para compra no site da maison.

    De acordo com o Global Times, que falou com vários dos manifestantes, futuras manifestações estão sendo planejadas por estudantes chineses no exterior em Londres e Nova York.

    Não é a primeira vez nos últimos anos que a Dior provoca indignação na China. Em 2019, a marca emitiu um pedido de desculpas sobre um mapa do país, usado durante uma apresentação em uma universidade chinesa, que não incluía Taiwan (Pequim vê a ilha como uma província separatista).

    Uma declaração, publicada na conta Weibo da marca na época, culpou um funcionário pela supervisão enquanto expressava apoio à “soberania e integridade territorial” da China.

    Então, no ano passado, usuários de mídia social criticaram uma imagem de campanha do célebre fotógrafo de moda Chen Man, dizendo que sua escolha de uma modelo com “olhos pequenos” perpetuou estereótipos ocidentais negativos sobre o povo chinês.

    Observando a expressão “sinistra” em seus olhos e “rosto sombrio”, um artigo no jornal “Beijing Daily” na época perguntou: “Esta é a mulher asiática nos olhos de Dior?”

    A Dior retirou a foto de uma exposição em Xangai e postou uma mensagem nas redes sociais expressando respeito pelos “sentimentos do povo chinês”.

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